A consequência deste dispositivo era de presumir-se: a participação das guarnições nas lutas políticas locais, tanto assim que ninguém poderá entender o 15 de Novembro sem ter diante de si a posição de Gaspar da Silveira Martins na política rio-grandense. Deodoro pensava mais, muito mais, no tribuno gaúcho do que no velho Imperador, quando pôs a "procissão" na rua...
A importância dos presidentes, como órgãos políticos, nasceu do fenômeno que iria caracterizar a segunda metade do século: o aparecimento da figura do presidente de Conselho de ministros, responsável pelo funcionamento do Poder Executivo, com a redução do Imperador, a órgão meramente fiscalizador, com o direito correspondente, de negar a confiança ao gabinete e mais o recrudescimento da política partidária. Com isto, entre a magistratura neutra e suprapartidária do Imperador, Generalíssimo nato, e o Exército, passara a existir a figura do presidente do Conselho de Ministros, chefe de partido, com o seu agente, o presidente de província, que podia manobrar à vontade sem dar atenção às queixas imperiais.
Eis aí o quadro em que se encaixa a questão militar. Uma análise da situação dá-nos o seguinte quadro:
a) as províncias gozavam de ampla autonomia legislativa nas matérias de seu peculiar interesse, em bases equivalentes às atuais, autonomia que se verificava sem interferência do Executivo a não ser através do veto;
b) havia uma administração especificamente provincial, dirigida, no entanto, por um presidente escolhido pelo governo imperial;
c) os serviços "gerais" igualmente subordinados ao presidente, eram bem descentralizados, pois os presidentes de província podiam decidir muitas questões atualmente atribuídas aos ministros;
d) serviços públicos provinciais e gerais eram de tal modo articulados, graças ao chefe comum, que não havia paralelismo, superposição, repetição ou mistura de atividades.
Em resumo: era uma política unificada, mas descentralizada.