onde viveram esses homens, e narrei, com pormenores, a construção do "Sobrado do Brejo", apresentando uma interessante relação de dados reais sobre a edificação, nos tempos coloniais.
O Tribunal da Inquisição mereceu um capítulo especial, pois a "Campo Seco" pertenceu á um "Familiar do Santo Ofício". Outro capítulo versa sobre a memorável e sanguinolenta luta que abalou a região, quando a gente do "Brejo" pelejou contra famílias vizinhas e aparentadas, por motivos de amor e de honra, os mesmos motivas que desencadearam, no país, outras e bem conhecidas guerras entre clãs.
As atividades rurais ocupam uma boa parte do livro e constituem um vivo documentário sobre a criação e a lavoura. Sistema de trabalho e de remuneração, técnicas antigas de criação e plantio, raças de animais, a carne, o couro, a plantação de algodão, de cana e "mantimentos", o comércio agropecuário, o engenho de rapadura, todas as atividades rurais, enfim, são objetivamente encaradas e descritas. Expõe-se, nesse ponto, a maneira pela qual os proprietários do "Campo Seco" registravam, no Livro do Gado, o nascimento das crias e indicavam as que caberiam ao vaqueiro:
A parte que trata de comércio e indústria em geral versa sobre uma "fábrica de ferro" montada no "Brejo", sobre o tabaco e o sal, sobre tecidos, vestuário, costuras. De aspecto eminentemente histórico-econômico, é o capítulo que descreve as operações comerciais e a moeda colonial. Aí apresento, em apêndice ao mesmo capítulo, um valioso artigo da lavra do engenheiro e economista José Alfredo de Marsillac, que, a meu pedido, e com os dados que lhe forneci - salários vencidos pelos mestres e oficiais que construíram o "Sobrado do Brejo" - determinou o coeficiente pelo qual devam ser multiplicados os preços vigentes em cada ano, para encontrar-se o valor correspondente ao atual. Segundo esse engenheiro da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, autor de uma original "lei de preços", o coeficiente será de 311 para o tempo compreendido entre 1810 e 1812. Assim, um boi que custasse 5$000 nesse período, seria negociado em 1954 pela importância de 1:555$000, ou Cr$ 1.555,00.
Julguei de grande interesse publicar, neste ensaio, o trabalho do Dr. Marsillac, porquanto o que se tem lido a respeito, em matéria de atualização de valores, não corresponde, em absoluto, à realidade.
Finalmente, uma outra parte do livro contém capítulos que informam sobre dízimos, religião, escravos, medicina, unidades militares sediadas no sertão, e ainda sobre os livros manuscritos, comerciais e memorialistas, que existiram em antigas propriedades rurais.
Completa o ensaio um glossário de palavras e expressões atualmente em desuso, ou mal conhecidas, ou ainda de emprego regional, no Nordeste, palavras e expressões retiradas exclusivamente