Uma comunidade rural do Brasil antigo. Aspectos da vida patriarcal no sertão da Bahia nos séculos XVIII e XIX

Essa "loiça" seria de origem reinol, com toda a probabilidade, se bem que no Brasil se fabricasse tal artigo já em meados do século XVIII, como o demonstra o alvará real de 11/12/1756, que permitiu aos "Oficiais, Mestres Marinheiros e mais Homens do mar", carregar do Brasil para Lisboa, livre de direitos de entrada, "Louça fabricada naquele Estado". Resta saber se o produto brasileiro era de pó de pedra, do tipo europeu e asiático, ou cerâmica de fabricação indígena. No século XVIII, Portugal importava louça fina de Inglaterra, a famosa "louça amarela", lisa ou dourada, valendo mais a dourada, sendo que um jogo desta última, de 300 peças, avaliava-se em 150$000, custando uma dúzia de "pratos de guardanapo" a quantia de 1$800. A inglesa era a única louça estrangeira com entrada permitida no Reino, a inglesa e a asiática (Índia e China), contanto que importada esta última por portugueses, e em navios portugueses, conforme determinava o alvará real de 7/11/1770. Quanto à louça portuguesa, de inferior qualidade, viu-se protegida pela política fiscal, quando em 1794 se isentou dos direitos de entrada nos portos do Brasil, aos produtos de pó de pedra da fábrica do Porto. Além desta, outras fábricas de faiança, de louça inferior, existiam na época, disseminadas pelas províncias da Beira e Minho. E em 1800, a fábrica do Cavaquinho, também de pó de pedra, trabalhando em "vidro preto, vernizes e outras composições de barro", e empregando "pinturas de arraiado de várias cores", produzia artigos, que, diziam, competiam em perfeição com os de Inglaterra.

No século XIX, o Brasil importou louça, principalmente, da China, Inglaterra e França. A louça do diário, de Exupério Canguçu, era inglesa, marca "Copeland", branca, com riscos azuis.

Em 1812, um freguês comprou "1 par de fivelinhas de prata" por 1$600. Serviam as fivelas para enfeite de sapatos e de calções.

Ainda em 1812, Pinheiro Pinto comprou de um mestre, que seria oleiro, alguns "potes de jardim". Não houve especificação de preço. Seriam vasos ornamentais para a frente do Sobrado, no jardim.

Exupério Canguçu adquiriu em Caetité, em 1862, do comerciante Antônio Joaquim de Lima, mercadorias diversas, tais como: "1 caixa de rapé 1/2 tartaruga", ou uma boceta metade de tartaruga, por 2$500; "1/2 Bote de rapé" (leia-se, a propósito, o capítulo sobre "Tabaco") , por $900, e "50 Rolhas de cortiça" por $800.

De São Félix, da casa Zeferino e Filho, nesse ano de 1862, vieram para o Brejo as seguintes utilidades: "11 Dzas. de pratos xines sortidos fo.", isto é, onze dúzias de pratos chineses, finos, sortidos, a 3$200 a dúzia; "1 Ditta purcelanas xinezas fa.", ou uma dúzia de pratos de porcelana chinèsa, fina, por 3$200; "2

Uma comunidade rural do Brasil antigo. Aspectos da vida patriarcal no sertão da Bahia nos séculos XVIII e XIX - Página 453 - Thumb Visualização
Formato
Texto