Deodoro: a espada contra o Império Tomo 1 – O aprendiz de feiticeiro (da Revolta Praieira ao Gabinete Ouro Preto)

Belo. No Rio Grande do Sul, Joaquim Galdino Pimentel foi substituído pelo senador Gaspar da Silveira Martins. E em Mato Grosso, Antônio Herculano de Sousa Bandeira, que inaugurara seu governo em fevereiro de 1889, foi substituído pelo coronel Ernesto Augusto da Cunha Matos, que ali já fora candidato a deputado, sem sucesso, e que não era outro senão o oficial que se tornara, com Sena Madureira, um dos pivôs da questão militar. Eram esses os homens em cujas mãos iam perecer os destinos da monarquia, com eles partilhados pela confiança do ministério fatal. Duas nomeações foram particularmente irritantes para o marechal Deodoro: a de Silveira Martins, seu detestado inimigo, para o Rio Grande do Sul, e a de Cunha Matos, para Mato Grosso. Diferente, porém, foi o ponto de vista de Rui, no momento, sobre esta última nomeação. Não percebera logo que importava numa diminuição para Deodoro. E a 7 de julho, dia da partida de Cunha Matos para a distante província, escrevia no Diário de Notícias um artigo sobre esse "ilustre oficial do nosso Exército" e sua missão, elogiando-o sem qualquer reserva, embora dizendo "esperar do seu patriotismo que não vá S. Ex.ª à província só para fazer eleições, descuidando-se dos seus altos interesses".

Nomeações como a de Cunha Matos e a de Couto de Magalhães não significavam aproximação com o Exército, por parte de Ouro Prêto, mas a simples premiação de dedicações políticas. Antes de ver, em ambos, as fardas que eles vestiam, via os correligionários, com serviços prestados ao Partido Liberal. Não faltavam motivos de indisposição com o governo entre as tropas de terra. Na Marinha, já desgostada, no governo de Cotegipe, com a desconsideração ao almirante Barão de Jaceguai, destituído, sem qualquer explicação, do comando da esquadra de evoluções, não demoram a surgir incidentes, de pequena expressão, logo magnificados, no entanto, pelo jornalismo político. Começou com a atitude de Ouro Prêto, exigindo continência de alguns cadetes, que à sua passagem não o teriam saudado. Teria o ministro excelso pedido os nomes deles, para puni-los. Ouro Prêto desmentiu a notícia. Declarou ser inverídica. Ninguém deu crédito ao desmentido. E a história foi repetida tantas vezes que ficou de pé...

Deodoro: a espada contra o Império Tomo 1 – O aprendiz de feiticeiro (da Revolta Praieira ao Gabinete Ouro Preto) - Página 428 - Thumb Visualização
Formato
Texto