Deodoro: a espada contra o Império Tomo 1 – O aprendiz de feiticeiro (da Revolta Praieira ao Gabinete Ouro Preto)

exprimia, no rigor de sua atitude, uma censura ao oficial que recebera a importante comissão do governo conservador decaído. A imprensa, em sua quase totalidade, ficou a favor de Custódio, contra Ladário. Divulgado o aviso ministerial, a 22 de junho de 1889, O País imediatamente abriu uma subscrição, para indenizar o comandante do "Almirante Barroso" da importância que o ministro queria ressarcir. No Diário de Notícias, Rui Barbosa pediu para ser inscrito como contribuinte. Constou que o imperador, envergonhado, resolvera pagar de seu bolso os quatro contos e pouco, da despesa com os fogos e o baile. E Ladário foi muito censurado, principalmente porque importava o seu gesto numa descortesia aos chilenos. O ministro explicou-se, pelo Jornal do Commercio, dizendo: "No caso vertente, o comandante do navio deveria ter levado as despesas à conta de gastos de representação, para os quais tem uma verba, e não considerar essas despesas como extraordinárias, para o que não estava autorizado; eis a questão". A estas razões, respondeu Rui: "Questão de lana caprina, se a isto se reduz! Porquanto, desde que o governo admita a plausibilidade da despesa, o erro de verba na sua inscrição não interessa à essência do fato: apenas legitimaria a revisão das contas, a fim de se levar a um capítulo o que indevidamente se escriturara noutro". O Clube Naval se reúne, para protestar contra o ato do ministro. O articulista do Diário de Notícias diz que "o honrado Barão de Ladário nunca se julgou obrigado a dar contas do destino, que deu o capitão de mar e guerra José da Costa Azevedo às ajudas de custo para representação que recebeu, como comandante da corveta "Niterói", em viagem de instrução à Europa e depois aos Estados Unidos", em 1875 e 1876. Acrescenta: "Entretanto, o comandante da ´Niterói`, além dos seus vencimentos em país estrangeiro, percebia a gratificação mensal de 200$000". Termina por dizer que o ministro tem "o ânimo turbado de prevenções pessoais, ou desforras longamente incubadas". É tal a pressão da imprensa que o ministro se vê forçado a declarar que nada tinha contra o Chile, povo a quem muito prezava. Mas não recua do seu propósito, razão pela qual a imprensa continua a manter em suas colunas a subscrição em favor de Custódio José de

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