própria polícia! A monarquia procura tirar todo o proveito político possível da crise emocional que o episódio desperta. Enchem-se as páginas dos jornais de telegramas de congratulações ao imperador, por ter saído ileso do "louco atentado", como diz a linguagem dos monarquistas. A família imperial, que se achava então na Tijuca, desce para o Paço da cidade, a fim de receber as manifestações de apreço. Há missas congratulatórias em todo o Império, em Paris(*),Nota do Autor em Lisboa...
Enquanto isso, surge, com mão de ferro, a repressão à propaganda republicana, anunciada no edital que o chefe de Polícia fizera divulgar pela imprensa, no dia 17 de julho. Dizia esse edital: "O Dr. José Basson de Miranda Osório, chefe de Polícia da Corte, etc., etc., - Faz saber a todos que o presente edital virem ou dele notícia tiverem, que serão processados pelo crime do artigo 90 do Código Criminal os indivíduos que nas praças, ruas ou outros lugares públicos ou em presença de autoridades derem vivas à república, morras à monarquia, vivas ao partido republicano ou proferirem gritos e frases igualmente sediciosas. Da mesma sorte serão punidos com as penas do art. 297 do citado código aqueles que forem encontrados com armas proibidas, sem que para uso delas tenham licença legitimamente concedida. Finalmente, serão dissolvidos, pela forma legal, os ajuntamentos e reuniões em lugares públicos que tiverem por fim promover a realização dos atos compreendidos nos arts. 285, 286, 287, 293 e 294 do Código Criminal. Do que, para constar, se expede o presente, que será afixado no lugar do costume e publicado pela imprensa. Corte, 17 de julho de 1889. O chefe de Polícia: José Basson de Miranda Osório". Assim, de golpe, suprimia a polícia o direito de reunião, desarticulando a propaganda antimonarquista, e desarmava os republicanos, inermes diante das hordas da Guarda Negra.
Saldanha Marinho, pelas colunas do Correio do Povo, assim se exprimiu, com sua autoridade de patriarca da propaganda republicana: "A farsa ignóbil posta em ação para, lisonjeando inutilmente o imperador, comprometer o Partido Republicano e justificar a perseguição que vai ser desenvolvida,