Deodoro: a espada contra o Império Tomo 1 – O aprendiz de feiticeiro (da Revolta Praieira ao Gabinete Ouro Preto)

ainda reduzido à condição de vice-reino, regido pela autoridade de D. Fernando José de Portugal. Só dois anos depois, fugindo à invasão do exército napoleônico, sob o comando de Junot, aportaria às nossas plagas a família real portuguesa, tendo à frente a figura do príncipe regente, o futuro D. João VI. A carreira militar de Manuel Mendes da Fonseca alcançou, portanto, quatro fases distintas da nossa vida política: o vice-reinado, o Brasil reino, o império sob Pedro I e o período da Regência, ligando-se a uma série de acontecimentos dos mais expressivos em nossa história na primeira metade do século XIX.

A 1.° de abril de 1807, exatamente sete meses depois de assentar praça, passava Manuel Mendes da Fonseca a anspeçada. Daí para diante, porém, o caminho seria mais difícil. Só em fins de 1811, era promovido a cabo. E, nesse posto, foi mandado, em 1813, para a guarnição da ilha de Fernando de Noronha, de onde voltou no ano seguinte, o de sua promoção a furriel, - posto correspondente, hoje, ao de terceiro sargento. Vida dura deve ter sido a sua, nesse árduo princípio, em que não tínhamos força militar verdadeiramente organizada, mas simples arremedo de Exército, em que o grosso da tropa era constituído de recrutas pegados à força, para corretivo de desordens ou de vadiagem, em longos períodos de serviço compulsório! Mesmo os voluntários, os que se - engajavam por vocação militar ou por circunstâncias outras, não podiam deixar as fileiras antes de oito anos cumpridos na caserna.

A partir da promoção a furriel, a vida militar de Manuel Mendes da Fonseca se tornou mais intensa e agitada. Em 1815, fez parte de um corpo militar mandado às Alagoas, para abafar uma rebelião de escravos que ali ameaçava repetir o episódio de Palmares. Era a tropa de linha, fazendo papel semelhante ao dos capitães-do-mato e defendendo, assim, a propriedade dos grandes senhores rurais. Mais tarde, quando o frêmito dos ideais republicanos e dos anseios de independência do povo começou a sacudir o Norte, lá estava ele de novo em ação. Assim foi em 1817, quando a 6 de março rebentou, em Recife, o movimento dirigido por Domingos José Martins, que ali constituiu uma junta revolucionária de que participavam, além dele, o padre João

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