dos cortes resultou de iniciativa reclamada e devidamente aprovada já ao tempo do imperador, como remédio para a situação calamitosa das finanças públicas e por ser desnecessário insistir em grandes despesas nesse particular depois de encerradas as campanhas do Sul. Seja como for, ninguém perdia de vista a necessidade crescente do que poderia chamar-se a nacionalização das forças armadas como complemento daquela nacionalização da Independência. Durante as agitações de 1830-31, segundo resulta das pesquisas desenvolvidas pelo jovem historiador John Schultz, em dissertação ainda inédita que preparou para doutorar-se na Universidade de Princeton, mais da metade dos 44 generais do exército brasileiro, isto é, exatamente 26, eram naturais de Portugal, e havia ainda dois outros europeus, um inglês e um francês, quando os brasileiros natos não passavam de 16, quer dizer, pouco mais da terça parte do total. Em 1830 foi morto um dos adotivos portugueses e dois "resignaram", um quarto acompanhará D. Pedro ao exílio e oito resignarão ou se verão forçados a tanto durante os dois anos subsequentes. Contudo, ainda ficaram 14 generais nascidos no Reino para 16 brasileiros natos, além do francês, que continuou a serviço do Império ao passo que seu colega inglês se retirou.
É possível que os adotivos que não se viram afastados, e sabe-se de vários que foram promovidos com o tempo, tivessem abraçado sinceramente a nacionalidade brasileira. Na opinião, todavia, dos chapéus de palha mais intransigentes, a continuada presença lusitana nos altos postos militares, e que tão cedo não irá desaparecer, tende a ser encarada como um perigo para a situação. Desse ponto de vista, os resultados da série de reformas processadas àquele tempo, e que não tinham em mira unicamente expurgá-las de partidários reais ou supostos da volta do imperador, mas também prevenir a formação de focos de opinião republicana ou federalista, não deixavam de ser muito magros, uma vez que se equiparavam quase, numericamente, os generais nascidos no Brasil e os naturais de Portugal. Aliás, mesmo entre brasileiros natos, não eram poucos os que, por se inclinarem ao conservantismo, ou por temerem o atrevimento de inovações que mergulhariam o país no desconhecido, pareciam fazer coro com os pés de chumbo. Não é por acaso que, em 1833, quando circularam boatos da próxima volta de D. Pedro I, a vanguarda da campanha restauradora na Corte se chamou Sociedade Conservadora e nela, segundo foi voz corrente, se abrigaria, além do estado-maior dos caramurus civis, cerca de três centenas de militares, ou que, logo depois, o