A Bahia e a carreira da Índia

Introdução

Encerrada a era dos grandes descobrimentos, restava à Coroa de Portugal realizar a empresa não menos aventurosa de consolidar suas conquistas, através da segurança das rotas comerciais marítimas e da eventual colonização das terras descobertas, intento esse que perdia em interesse para a simples especulação mercantil.

É justamente esta segunda fase da expansão econômica de Portugal, no que diz respeito à participação do Brasil, em particular da Bahia, que forma o objeto do presente estudo.

Os navios lusitanos e de outras nacionalidades, que velejaram pelo mais extenso e ativo roteiro que país algum traçara até então ao longo dos oceanos, já não eram as embarcações destinadas aos descobrimentos em caliginosos mundos e ignotas latitudes. Eram, já agora, naus de comércio, navegando por mares ainda tenebrosos, mas já menos desconhecidos, desde que os mitos tinham sido reduzidos a menores proporções.

Suas rotas resultam de secular experiência na arte náutica e na ciência geográfica. Nela estão calcados os seus Regimentos, com previsão de recursos e escalas, de cautelas e oportunidades. Suas tripulações têm um olho no entrelopo e outro no fisco: não são poucas as manhas e muitas são as artimanhas, adestradas em séculos de contínua atividade.

O descobrimento ou reconhecimento do Brasil, longe das controvérsias sobre a sua casualidade ou não, foi e aqui já não podem pairar dúvidas, um episódio da Carreira da Índia. Assim começa, oficialmente, nossa existência, indissoluvelmente vinculada ao grande roteiro que, tanto pelos seus antecedentes, como pelas suas repercussões - a aventura da Índia, e portanto a sua Carreira - duraria bem mais de três séculos, dando a Portugal uma fase histórica das mais agitadas e contraditórias.

Nesse período, o Brasil permaneceu nele integrado, numa participação que mais se graduava pelos interesses político-militares,

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