A Bahia e a carreira da Índia

Conclusões

Num país sem muita tradição de historiografia marítima como o nosso, parece ser natural a quase ausência de estudos monográficos e gerais de história naval com que se defronta o pesquisador. Considerados entretanto a extensão do litoral e o largo momento em que permanecemos a ele colados, tendo uma história de vínculos muito mais marítimos do que continentais, como também compreendendo-se a integração do Brasil à economia portuguesa do Atlântico, ver-se-á desde logo o alcance que nos oferece esse campo de pesquisas para a história da cultura e da economia brasileira que em boa parte e inexplicavelmente tem voltado suas costas para o mar.

Com essas perspectivas é que nos lançamos ao estudo das relações que o Brasil manteve, através da Bahia, com o grande roteiro marítimo da Idade Moderna, articulando-se com seus portos e interesses.

Numa época em que o rápido declínio português tirava inteiramente àquele país a possibilidade de ter uma certa hegemonia sobre o Atlântico e o Índico, partilhados que estavam sendo os mares, as ilhas e os continentes pela expansão colonial de outros países mais poderosos, enquanto que por sua vez o Mediterrâneo promovia sua recuperação econômica, conforme Fernand Braudel provou à sociedade, a Carreira da Índia não conseguiria subsistir sob o controle português, como magra rota mantenedora comercial e militar do império ultramarino. A sua permanência foi possível entretanto graças às novas riquezas que, sobretudo através da Bahia, vieram engrossar-lhe a circulação, logrando assim manter seus interesses comerciais, através da conquista de novos mercados atraídos pelos produtos novos.

Nesta altura é que se destaca a Bahia, ou o Brasil através da Bahia, como peça integrante e integradora, uma vez que consideremos o vulto do seu concurso, representado por recursos humanos, militares e econômicos, comerciais e industriais.

A Bahia e a carreira da Índia - Página 323 - Thumb Visualização
Formato
Texto