Medicina rústica

de certos fenômenos psicológicos que têm real importância e auxiliam. Por exemplo, o caso do chazinho: muitas vezes pode não ser útil, mal não faz, por que então condená-lo, não raro rispidamente? É preciso não desprezar nele o efeito sociopsicológico, pois é, sem dúvida alguma, o símbolo da dedicação. Nesta frase podemos sentir esta verdade por nós anotada: "Fulano ficou solteirão, não se casou, hoje velho e doente não tem quem lhe faça um chazinho.". Por outro lado, o chazinho é água fervida, livre, portanto, de micróbios, o ingeri-lo mal não fará, e nos casos de desidratação é aconselhável.

O que é preciso é que haja uma certa boa vontade, interesse e simpatia para com a experiência do povo. Cabe ao cientista peneirá-la e não desprezá-la com mofas e blasonar jactando-se de seus conhecimentos científicos, de seu "anel no dedo". Tal atitude acentua a desconfiança da parte do paciente, afastando-o do médico, criando barreiras. Muitas descobertas revolucionadoras da medicina nasceram, por acaso, de uma observação. A penicilina por exemplo. Há quanto tempo que o nosso caboclo não vinha colocando a casca de queijo embolorado sobre as "feridas brabas ou arruinadas"? Coube, porém, a Alexandre Fleming a glória de descobri-la. Caso algum observador, um antropólogo social ou um "folclorista tivesse registrado esse exotismo", quem sabe há quantos anos já a penicilina não teria poupado vidas preciosas?

Não será ridicularizando as "práticas exóticas" que o médico ganhará a confiança do cliente caipira.

Em Anthropology Today anotamos, à página 770, a seguinte experiência a qual transcrevemos:

"O trabalho, sumariado por Foster, relata as observações realizadas em oito centros de saúde no México, Colômbia, Peru e Brasil. Os resultados conseguidos incluem:

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