Medicina rústica

da mão para a boca, o cultivo daquilo que é o suficiente para sua alimentação, vivendo sob o signo dos santos ou deuses desse cosmos religioso, conjunto não raro formado pelo sincretismo de catolicismo romano, religiões africanas e indígenas, enfim catolicismo de folk. A esses valores religiosos que lhes dominam e regem a vida, prestam cultos, oferendas, fazem promessas e recorrem principalmente para a cura, para o restabelecimento da saúde perdida.

Em Piaçabuçu a concepção do tempo é qualitativa e não quantitativa, daí o morador da "cidade" — sede de município — ter o mesmo universo do caboclo, portador da cultura rústica idêntica à dos pescadores do mar do povoado do Pontal do Peba ou do apanhador de maçunim da praia, que vive da economia coletora, da catança como procede a maioria dos habitantes do distrito de paz de Feliz Deserto ou dos plantadores de arroz, moradores nas pontas de rua da "cidade", nos bairros "urbanos" da Paciência de Cima ou de Baixo, na rua Coreia ou no beco da Malaca.

Tendo em vista as técnicas de subsistência, procuramos classificar os povoados do município de Piaçabuçu em cinco grupos, embora distintos quanto ao processo de se prover o necessário para viver, das variações no gênero de vida, a concepção do tempo em ambos é qualitativa.

Piaçabuçu, no presente trabalho, assume o sentido de centro de condensação maior dos portadores da cultura rústica, "cidade" onde a secularização não penetrou fundo, onde a concepção quantitativa do tempo não controla a vida de seus moradores, onde a vida industrial é praticamente nula, não passando de alguns artesanatos domésticos de mulheres rendeiras ou trançadeiras de palha de ouricuri ou piripiri e o comércio está ensaiando os primeiros passos com a venda de coco ou de arroz e

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