conceitual devido à sua significação cultural. A individualidade histórica compõe-se de um conjunto de relações genéticas que são inevitavelmente de caráter especificamente único e individual.(36) Nota do Autor
5. A seleção dos fatos
A produção dos fatos e atos históricos é sempre mínima, comparada com a produção não só dos fatos e atos individuais, que são recolhidos apenas pela lembrança pessoal e familiar,(37) Nota do Autor mas ainda com aquela imensa coleção de fatos mortos a que se referiu Karl Marx. Esses fatos mortos, que constituem o pasto preferido da historiografia antiquária,(38) Nota do Autor são miudezas e minúcias que deveriam continuar entregues ao esquecimento universal, ou nasceram de farsas e paródias, tentativas de repetição histórica, quando os mortos não enterraram seus mortos.(39) Nota do Autor Eles são, enfim, aquela escória, aquele lixo de que falava Macaulay.
Do ponto de vista universal, a produção histórica apresenta grande variedade, e assim como o poder mundial é transitório, assim também é transitória a produção histórica. Nos países mais modestos na sua força econômica, insuficientes na educação, com uma minoria dominante alienada, não só é insignificante a produção dos fatos e atos, como realmente não produzem história, mas crônica.(40) Nota do Autor
Diante da massa de fatos, históricos logo no nascedouro, mas não descobertos na sua potencialidade, o historiador está sempre obrigado a guiar-se pelo princípio da seleção essencial de que falava H. Rickert.(41) Nota do Autor A omissão deste princípio individualizador da seleção é fatal ao historiador. Ele precisa distinguir entre a individualidade histórica e a diversidade inessencial. Cabe ao historiador, e não ao cronista, expor o importante, o significativo, o eficaz, o produtivo, o de efeitos consequentes. O historiador busca os efeitos essenciais para os valores, para a vida humana, para o processo histórico.