A pesquisa histórica no Brasil

faziam e ainda fazem descrição da atualidade. Mas se o método histórico baseia-se essencialmente na consulta às fontes escritas originais e nas tarefas críticas auxiliares, então, não há como negar que os fundadores do Instituto Histórico deram ao seu trabalho, desde o início, uma orientação impecável.

A doutrina do Instituto Histórico não foi estabelecida somente no art. 1° dos Estatutos acima citados; mostra-se nos primeiros projetos apresentados pelos sócios. Já na proposta de criação do Instituto, de autoria do marechal Raimundo José da Cunha Matos e do cônego Januário da Cunha Barbosa, dois inovadores brasileiros no campo da periodização,(2) Nota do Autor reconhecia-se "a falta de um Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que principalmente se ocupe em centralizar imensos documentos preciosos, ora espalhados pelas províncias, e que podem servir à história e geografia do Império, tão difícil por falta de um tombo ou prontuário de que se possam aproveitar os nossos escritores".(3) Nota do Autor

Na primeira proposta apresentada à consideração dos membros do Instituto, Januário da Cunha Barbosa propunha que se organizasse uma instrução sobre o modo de haver notícias históricas e geográficas acerca do Brasil, "para remeter aos nossos correspondentes e poder melhor deles haver manuscritos e outros objetos que nos possam ser úteis".

A sessão de 1° de dezembro de 1838 marca, por conseguinte, não só a primeira iniciativa no campo da periodização da história do Brasil como também a primeira proposição de pesquisa e conquista de fontes. Não satisfeito com isto, Januário da Cunha Barbosa apresenta ao Instituto a "Lembrança do que devem procurar nas províncias os sócios do Instituto Histórico Brasileiro para remeterem à sociedade central no Rio de Janeiro"(4) Nota do Autor que é o primeiro plano de pesquisa histórica brasileira.

Januário da Cunha Barbosa é, assim, o primeiro teórico e prático da pesquisa histórica. A proposição de 1º de dezembro de 1838 era geral e teórica; a "Lembrança" era um plano prático limitado ao Brasil. Nela se aconselhava a colheita pelas províncias de notícias impressas e manuscritos, de cópia de documentos, os extratos de notícias das secretarias, arquivos e cartórios, civis e eclesiásticos. Não se fazia uma precisa distinção entre o documento histórico e o inquérito, e pediam-se todas as informações sobre a atualidade econômica, social, literária e geográfica.

A ânsia de organizar um grande documentário histórico comunicou-se a vários sócios do Instituto Histórico. É assim que já na terceira sessão (19 de dezembro de 1838) Paiva Guedes propunha que o governo comunicasse ao Instituto quaisquer papéis existentes

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