A pesquisa histórica no Brasil

Informa sobre vários documentos e notas e conclui "asseverando a V. Sª. que é quase exclusivamente à geografia e à história do nosso país, que o Instituto tanto tem fomentado, que se dedicam todas as minhas horas vagas e que se não dou disso já provas e documentos pela imprensa é porque me reservo a fazê-lo com mais madureza e sem precipitação por todos os escritores condenada nas expressões proverbiais do velho Horácio".

Deste modo, Varnhagen confirmava a Januário da Cunha Barbosa os seus propósitos de investigação, já apresentados desde 1839, quando em carta, ofertando as Reflexões críticas àquele, escrevia que "os arquivos e bibliotecas da Europa, especialmente os de Portugal, contêm tão ricos e preciosos manuscritos sobre o Império, que muito conviria ao Instituto tomar providências para os possuir por cópias, análogas às que outrora praticou Portugal votando somas para conservar monsenhor Ferreira em Madri, visconde de Santarém em Paris e outros literatos na Itália e Inglaterra".

Aos 14 de março de 1843, em carta a Januário da Cunha Barbosa, informava Varnhagen o seu processo de trabalho. O seu tempo, desde manhã até quatro horas, era dividido entre a Legação e as pesquisas na Torre do Tombo, "onde me vai aparecendo tanta coisa, que não devo fazer mais do que copiar e andar para diante". Planejava, então, depois da pesquisa, a organização dos documentos e a redação histórica.(30) Nota do Autor Varnhagen estava obrigado a funções de secretário da Legação, especialmente entre a partida de J. M. do Amaral, em abril, e a chegada de Antônio José Lisboa, em setembro de 1843.

Varnhagen não parava em Lisboa, seguia continuamente para Coimbra e Évora. Não são estes anos de grande produção. Pouco ou quase nada deve ser apontado. Varnhagen investigava, colhia, copiava, anotava, enfim, preparava-se para sua obra futura. Transferido aos 8 de junho de 1847 para a Espanha, dedica-se aos mesmos trabalhos de pesquisa. Já antes dessa transferência estava, no exercício de uma comissão histórica, estudando nos arquivos espanhóis os papéis relativos a questões de fronteira, encarregado que fora pelo governo imperial, aos 17 de março de 1846, de ali examinar os documentos sobre o Brasil. Esteve em Sevilha no Arquivo Geral das Índias, em Simancas e em Madri, na Biblioteca do Escurial, na Biblioteca do Palácio Real, na de Santo Isidoro, na Pública, na da Real Academia de la Historia e no Depósito Hidrográfico. Para ele era Simancas e não Sevilha o paradeiro dos mais importantes papéis acerca de nossos limites com a antiga América Espanhola, sobretudo os ilustrativos dos trabalhos de 1750 a 1777.(31) Nota do Autor

Transmitindo-lhe as ordens do governo, escrevia-lhe Vasconcelos de Drummond: "Todos os papéis relativos à América desde seu descobrimento

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