Com o seu estilo, na alegre irreverência de sua crítica, Eça de Queiroz conquistou o Brasil. O riso, a princípio; depois, a grave compreensão dos objetivos de sua arte, acutilando os homens na pieguice e no convencionalismo.
Nas rodas boêmias dos fins do século, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Recife, os intelectuais adotavam-no como padrão literário. O ecianismo era moda, a embriaguez dos espíritos sequiosos dos últimos modelos da Europa.
No Maranhão - relembra Clóvis Ramalhete(6) Nota do Autor - um grupo de escritores deu-se ao luxo de fundar a "Padaria Espiritual Eça de Queiroz", à leitura de seus primeiros romances. E da longínqua e modesta Cuiabá daqueles tempos, "na bruteza da mata, entre índios e padres catequistas"(7), Nota do Autor um leitor brasileiro - "fanático admirador vosso" - escrevia-lhe, em 1898, para adverti-lo de que incorrera em erro quando, na Relíquia, à página 339, da 2ª edição, colocara sobre os montes negros de Gilead, por onde andava Teodorico, uma "lua cheia", depois de ter dito, páginas atrás, que "a lua aparecia fina e recurvada", numa alusão à sua fase minguante...
Não foram somente Eduardo e Paulo Prado, Domício da Gama, Olavo Bilac, o Barão do Rio Branco e mais uns tantos brasileiros, os que se ligaram ao romancista português pelo pensamento e pela inteligência. Martins Fontes, que jamais o conheceu, disse de seu afeto, numa hora de reminiscência: "Durante a vida toda, Eça de Queiroz andou conosco, iluminando a nossa roda literária"(8). Nota do Autor
Alberto de Oliveira, ainda jovem, ao vê-lo, certa vez, em plena cidade do Porto, na Rua das Carmelitas, teve a impressão de estar contemplando um pequeno