Eça de Queirós, agitador no Brasil

O nome de Pernambuco é que jamais deixaria de ser lembrado por Eça, a começar das Farpas. No conto "Singularidades de uma Rapariga Loura", da primeira fase literária do romancista, há uma curiosa menção aos fatos de sua infância, na memória de uma das cantigas brasileiras, ouvidas possivelmente da boca de sua madrinha. Era na Rua dos Calafates, na casa de um tabelião muito rico aonde as Vilaças costumavam ir aos sábados e em cujas reuniões "se cantavam motetes ao cravo, se glosavam motes e havia jogos de prendas do tempo da senhora D. Maria I":

"Depois a preciosa D. Jerônima da Piedade e Sande, sentando-se com maneiras comovidas ao cravo, cantou com a sua voz roufenha a antiga ária de Sully:

Oh Ricardo, oh meu rei,

O mundo te abandona,

o que obrigou o terrível Gaudêncio, democrata de 20 e admirador de Robespierre, a rosnar rancorosamente junto de Macário:

- Reis!... víboras!

Depois, o cônego Saavedra cantou uma modinha de Pernambuco muito usada no tempo do senhor D. João VI: lindas moças, lindas moças"(14). Nota do Autor

As ligações de Eça de Queiroz com os pernambucanos, datando de seus primeiros dias de vida, acentuaram-se ao tempo de sua colaboração nas Farpas. Contamos, neste livro, como os artigos de Eça e Ramalho Ortigão, em 1872, influíram no sentido de levantar a Província de Pernambuco contra os súditos de Portugal, em protesto diante das páginas escritas sobre a viagem do Imperador Pedro II à Europa.

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