Eça de Queirós, agitador no Brasil

"Câmara temporária? Hoje basta ao governo do Imperador intervir brutalmente na eleição; amanhã, sem abdicar desta faculdade, que poderá exercer vantajosamente sobre as camadas mais infelizes do povo, sobre o depravado mercantilismo das cidades e o funcionalismo centralizado, amanhã, além desse recurso minguado embora, ele será solícito em arregimentar no seio do Parlamento maiorias dedicadas. E começaria o jogo com meia partida ganha: entraria em luta com quase unanimidade no Senado"(3). Nota do Autor

O raciocínio de Tavares Bastos ia mais longe. A reforma eleitoral, pela reforma, conservando-se o critério de escolha dos senadores, em caráter vitalício, pelo Imperador, não satisfazia às aspirações dos que desejavam mudanças completas nos processos políticos em voga. Melhor seria, pois, que o Partido Liberal adotasse um programa de ação diferente, incluindo transformações econômicas, sem as quais não teriam valor as mudanças de superfície.

Considerando "a aceleração do movimento emancipador e as medidas complementares que demanda a transformação do trabalho", sem esquecer de "consagrar a liberdade de opiniões e crenças, e promover o melhoramento moral do povo", Tavares Bastos sugeria a elaboração do novo programa, de que ainda constassem "o amplo uso do direito de associação sem medidas preventivas; o impulso que ao comércio interior, ou antes à comunhão nacional, devem dar facilidades econômicas e rápidos meios de transporte; o alívio das taxas adicionais lançadas durante a guerra na importação e na exportação; o decrescimento gradual da tarifa permanente das nossas alfândegas, onde as mercadorias de maior consumo pagam taxas que, com os novos aditamentos, equivalem hoje a 50%; o abandono do imposto"

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