odioso sistema, cuja validade jurídica o Visconde de Sinimbu sustentava, sob a alegação curiosa de que "o escravo era uma propriedade garantida pela legislação do Império", não se podendo "contra ela atentar sem que fossem salvaguardados os direitos de quem o possuía"(6).Nota do Autor
Foi nessa ocasião, de grandes debates sobre o abolicionismo, que Pedro II resolveu viajar pela primeira vez à Europa. O projeto de lei do "Ventre-Livre", declarando emancipados os que nascessem a partir daquela data, de autoria do próprio Visconde do Rio Branco, presidente do Gabinete, acabava de ser apresentado ao Parlamento.
A liberdade para os filhos oriundos da mulher escrava, por mais que Joaquim Nabuco tentasse negar, fazendo passá-la como "um ato de soberania nacional" (7),Nota do Autor não era mais do que uma transação do Estado com os escravocratas, uma manobra para dirimir os ímpetos de libertação total, um expediente de divertimento, no sentido de cindir a grande frente patriótica do abolicionismo.
Ainda assim, o projeto Rio Branco expôs o governo às mais desabusadas recriminações, partidas sobretudo das classes sociais interessadas na manutenção do sistema escravista.
A viagem do Imperador, apesar das diferentes versões que lhe deram as crônicas oficiais, mal encobria o jogo político de Pedro II, entregando o cetro a uma princesa de 25 anos, para omitir-se de encarar, resoluto, a onda de indignação dos círculos reacionários, livrando o Trono, eventualmente, das críticas que comprometiam a sua estabilidade. Decerto, não sobrariam a Dom Pedro razões que o exculpassem de deixar o Brasil naqueles momentos. Seu cansaço físico, pelos longos anos da guerra com o Paraguai; a doença na pessoa da Imperatriz Teresa Cristina; o recente falecimento, em Viena, da filha mais