Capítulo I
As origens. Os Rio-Branco. Infância de Juca Paranhos. Viagem ao Rio da Prata. Acadêmico de Direito em São Paulo e no Recife. Trabalhos de estudante. Formação pelo liberalismo jurídico. Exercícios da vontade. Alguns traços do caráter. O "homem lúdico".
O CASARÃO DE SOBRADO e loja da antiga Travessa do Senado, número 8, nas proximidades do Campo da Aclamação, ostenta hoje na fachada, em placa de bronze, uma legenda, na qual se diz que ali nasceu José Maria da Silva Paranhos Júnior (Barão do Rio-Branco) "que pelo talento, saber e patriotismo, dilatou o território da Pátria do Norte ao Sul". E mais: que, no Governo, elevou e engrandeceu o nome do seu País.
Foi colocada a placa em 1909. A existência que ela recorda ao viandante distraído ou apressado começara sessenta e quatro anos antes, em 20 de abril de 1845; e processara-se como que misteriosa na sua trajetória e desfecho: apagada, quase obscura durante muito tempo, e de repente jogada no centro e na direção de grandes acontecimentos. Mas nessa época de poderio e glória, a quem o chamava "o maior dos brasileiros" - o que se tornara comum entre os seus admiradores mais entusiásticos - o Barão do Rio-Branco respondia com impaciência e desgosto:
- O maior dos brasileiros foi D. Pedro II, e depois meu Pai.
Traço sempre vivo, nunca escondido, no segundo Rio-Branco: o sentimento de identificação com seu pai, um sentimento de exaltado e comovido amor ao Visconde do Rio-Branco, chegando sob certos aspectos a um tom quase místico e religioso.