29 anos de idade, e é um môço de méritos como pode dizer o Dr. Nabuco. Esta é outra questão de interesse particular que não posso deixar de ter presente, sobretudo no que diz respeito a meu filho, que desejo deixar encarreirado, para que se ocupe da irmã solteira, se eu vier a faltar proximamente.
Peço-lhe que depois de ler este meu relatório, converse com o Dr. Rodrigues Alves e lhe dê certos pormenores, que eu não podia tomar a liberdade de dar diretamente. Espero que assim você lhe poderá mostrar quanto mereço ser desculpado e dispensado do sacrifício inútil que iria fazer nas circunstâncias atuais. As minhas hesitações, que duraram quase um mês, provam a minha boa vontade e ardente desejo de ser agradável ao Presidente eleito, assim como o esfôrço que fiz para ver se poderia achar meio de ter a grande honra e o grande prazer de ser, de perto, um colaborador seu. Mas não pude achar. Indo para lá, nas condições atuais, eu faria a minha ruína, que pouco me importaria se esta não prejudicasse os meus e não me impedisse em pouco tempo de satisfazer a compromissos contraídos. Se fosse para lá, com a organização atual do serviço, seria para levar a vida pouco convidativa de referendário de papéis da Secretaria ou para me indispor mais ainda com um homem que respeito e que, como já disse, deve ser conservado na posição que ocupa enquanto for vivo. Feitas, por outro Ministro que não tenha as mesmas prisões que eu, certas reformas necessárias, poderia eu talvez, dentro de um ou dois anos, em alguma recomposição ministerial, aceitar sem grande inconveniente o lugar que me foi oferecido.
A primeira reforma, para Ministro que queira trabalhar, consistirá em dispor que possam fazer parte do seu gabinete empregados não só da Secretaria, mas também do Corpo Diplomático e Consular, e organizar esse gabinete com auxiliares competentes. Depois, viria a reorganização da Secretaria, procurando-se com jeito mostrar ao Cabo Frio que ele deve concorrer para que aquela casa, que tanto ama, possa funcionar bem quando ele, que é mortal, desapareça. Para isso, é preciso dizer-lhe que a reorganização deve ser feita em sua vida, para que ele seja o mestre dos novos e lhes mostre o caminho, transmitindo-lhes os tesouros da sua experiência.
Para fechar esta longa carta:
Recebi anteontem um telegrama do Ministro Olinto de Magalhães, que, apesar de amigo, depois da entrada para o Ministério só me fez, desde o começo, coisas desagradáveis. Nesse telegrama, pergunta-me se eu aceitaria a Legação em Roma, junto ao rei da Itália. Declarei em telegrama que o lugar me conviria muito, mas que motivos delicados me impediam de responder à consulta pelo telégrafo. Na verdade, dos postos que eu poderia ter na Europa esse é o que mais me convém, pelo clima, custo da vida e outras razões. Preferi Berlim porque era o único vago então, e porque não quis concorrer para uma remoção, indo para outro pôsto melhor, que me foi oferecido. Estimaria muito que o Dr. Rodrigues Alves, aceitando as minhas desculpas, me deixasse ir para Roma e me ajudasse nisso.
O meu projeto de visita ao Brasil para o ano tem agora mais este incentivo: o de ir pessoalmente agradecer ao Dr. Rodrigues Alves, na