de um aspecto da metodologia, como numa desarmonia nos capítulos, especialmente o cartográfico, como observou o professor Francisco Iglésias. Não se pretendeu destacar nem defender nenhuma etapa, pois a metodologia não as estabelece e reconhece que o processo é único e a divisão meramente didática. Talvez a riqueza do material das disciplinas auxiliares e da crítica histórica, as únicas mais exercitadas no Brasil, seja a responsável pelos excessos que se notaram. Nem desta vez foi possível harmonizá-las em capítulos mais condensados. É uma tarefa para outra edição. Mas desde já se esclarece, como aliás se fizera na primeira edição, ao tratar da nova orientação metodológica nos Estados Unidos da América do Norte, que o autor, para usar da expressão de Marrou, não tem a tendência a representar o progresso do conhecimento histórico como uma vitória contínua da crítica, que tem feito progressos helicoidais e não lineares(1). Nota do Autor Os erros da hipercrítica têm sua base na incompreensão e o autor quis destacar, no último capítulo, o papel capital da compreensão na ciência histórica. Mas ninguém desconhecerá que certas descobertas factuais são decisivas. Um só exemplo ilustraria a tese: em 1952, Michael Ventris lançou uma grande luz no conhecimento homérico, ao promover a decifração do "B" na grafia minoana linear e ao estabelecer, em 1956, com John Chadwick, os métodos da decifração da escrita micênica(2). Nota do Autor Assim também as descobertas dos pergaminhos do Mar Morto do Antigo Testamento e seu estudo atual por vários críticos textuais podem conduzir a novas conquistas no conhecimento histórico e, a partir destas, a nova compreensão do sentido dos atos e da vida humana. O historiador dá grande importância ao fato de possuir uma metodologia própria e ao problema da suficiência ou insuficiência da compreensão. Esta existe com o quadro geral que dirige e acompanha a pesquisa, se esclarece ou se obscurece no desenvolvimento desta; muitas vezes a compreensão será insuficiente pela simples deficiência do texto ou desconhecimento de fatos. O plano, o sentido, o fim, as forças e os poderes impulsionadores, suas possibilidades e pressupostos só se compreendem na relação mútua, funcional e dependente do fato ou texto com a teoria interpretativa.
O historiador não se preocupa com a "etiqueta" de ciência que seja ou não reconhecida à sua disciplina. A exposição que se fez não teve o sentido de provar a cientificidade da história, mas,