um dos mais altos valores da historiografia inglesa, que certos períodos e suas personalidades ou ações populares se tornam mais relevantes não pela contiguidade temporal, mas pela significação espiritual e material. No Brasil, por exemplo, seria ingenuidade querer atribuir relevância para a compreensão da época atual, à histórica republicana mais remota. São dois mundos diferentes, que se separam definitivamente por volta de 1930. A época da Independência apresenta muito maior contemporaneidade.
Uma nova época, como a inaugurada em 1945, exigia novos valores. O resultado da guerra representa uma mudança na perspectiva histórica. Reconhecem os historiadores essa mudança? Muito antes da Segunda Guerra Mundial o impacto soviético sobre o mundo ocidental e as consequências esmagadoras do colapso americano de 1929 estavam mostrando que a história que ensinamos e aprendemos tinha pouca conexão com as forças em jogo no mundo atual. Mas os historiadores conservam-se extremamente ligados à paixão da Europa histórica. Mesmo aqueles que viam mais longe se contentavam em seguir a expansão da Europa no Novo Mundo ou no Mundo Oriental Próximo e Extremo.
Se a história não existe para a estultificação e fossilização, e deve manter uma conexão viva com o presente, é chegada a hora de enfrentar a nova situação. A União Soviética e os próprios Estados Unidos, os dois gigantes do poder, os dois construtores maiores da história presente e da criação do futuro, não recebem nas histórias gerais o tratamento equivalente. Estas não nos estão preparando para a emergência do mundo em que vivemos e não nos oferecem nada para a compreensão do presente. Novos aspectos do passado, em face daquela preeminência devem ser esclarecidos para iluminar nossa compreensão do presente. Não significa isso que devemos descartar-nos da Europa e libertar nosso pensamento da concentração míope sobre o Ocidente. Essa história europeizante