no "século das luzes", em terra que era preciso desbastar como se fosse mata virgem.
A escolha dos componentes da missão, que deveria ser em maioria composta de franceses, recaiu sobre personagens da diplomacia portuguesa em Paris, os quais no desempenho da incumbência foram orientados pelo famoso sábio Humboldt, no fim da vida diplomata junto às Tulherias. Aconselhou o geógrafo ao embaixador Marialva e ao encarregado de negócios Francisco de Brito, que recorressem a Joaquim Lebreton, literato, colaborador de Vivant Denon, antigo conservador das Belas-Artes no Império, em condições, melhor do que ninguém, para atender ao desejo do governo do Rio de Janeiro. Tratava-se de elemento de vulto no setor artístico parisiense, ex-secretário perpétuo do Institut de France, de que fora um dos fundadores, assim como do Museu do Louvre, do Luxemburgo e da renovação da Academia de Roma, por ele transferida do palácio Mancini para a vila Médicis. Notabilizara-se também por tentar, a todo transe, conservar em Paris o produto de rapinagem artística cometida pelos exércitos napoleônicos, saqueadores através da Europa de residências particulares, castelos, conventos, palácios e templos. Em 1815, depois da queda do Império, investiu Lebreton, em pública cerimônia do Institut, contra Wellington. Dissera o inglês ser necessário castigar os franceses pelos seus desmandos em casa alheia, no que era apoiado por Blucher, generalíssimo prussiano. Foi o quanto bastou para o secretário perpétuo acidamente referir-se ao Iron Duke, entusiasta, dizia, de recente roubo em Atenas da obra de Fídias, com pleno assenso do Foreign Office. Enorme escândalo estrugiu provocado pelo desabafo, logo seguido de demissão do secretário, se bem Luís XVIII no íntimo o aplaudisse. Encontrava-se Lebreton, em consequência do incidente, em disponibilidade, visto com bons olhos por Humboldt, seu colega no Institut presente à memorável sessão, motivo de calorosas recomendações aos amigos diplomatas.
Não obstante o parecer de Marialva e de Francisco de Brito, de que se devia compor o conjunto principalmente de mestres artífices, procurou Lebreton - de acordo com as instruções do conde da Barca - aliciar artistas tidos como mais indicados para o fim. Foram, na ocasião, aceitos, além dele, Nicolau Antônio Taunay, Debret, Augusto Taunay, Grandjean de Montigny, Simão Pradier, Sigismund Neukomm e Francisco Ovide, respectivamente pintores, escultores, arquiteto, gravador, músico compositor e engenheiro mecânico. Trazia Augusto Taunay consigo o assistente Francisco Bonrepos; Grandjean de Montigny dois auxiliares,