a saber: Luís S. Meunié, especialista em estereotomia, e Carlos Levavasseur. Compunha-se o grupo de mestres-artífices de Nicolau Magliori Enout, serralheiro; Luís e Hipólito Roy (pai e filho), carpinteiros de seges; os curtidores e surradores de peles Fabre e Pilite, e o mestre-ferreiro Level, especializado em construção naval. Vinha Lebreton no cargo de secretário, e o negociante Pedro Dillon, pessoa de sua confiança, incumbido do que hoje chamaríamos "relações públicas". A família de N. A. Taunay (um irmão e cinco filhos) era acompanhada de uma aia; a de Grandjean de Montigny, composta de casal e quatro filhos, também dispunha de uma auxiliar, e Lebreton trazia consigo um criado alfaiate, de modo a perfazer apreciável número de pessoas.
Findos os ajustes do contrato, em boa hora socorrido por financiamento de negociante carioca, provavelmente Fernando Carneiro Leão, o qual embarcou com os artistas para o Rio de Janeiro, partiram os franceses, em águas encapeladas, no veleiro norte-americano Calpe (ou Calphe) - escolhido pela modicidade do preço das passagens - depois de algum atraso devido ao mau tempo, em 22 de janeiro de 1816, no porto do Havre. Felizmente, mais tarde, o mar melhorou e puderam os viajantes espairecer, segundo relatam os instantâneos de autoria de Debret tomados a bordo, às vezes divertidos, como o banho do convés, constante da coleção Castro Maia. Prosseguiu sem mais novidades a lenta marcha do Velocifer, como ironicamente lhe chama o passageiro, até tocar no Cabo Verde, bem recebidos pelo governador, relacionado com o comerciante carioca.
Dispunham, destarte, os missionários de tempo bastante para se espiolharem entre céu e água, nem sempre inspirados pela indulgência aconselhável à sua condição. O tempo corria aziago e as mentalidades se ressentiam dos seus efeitos. Encontramos entre eles impressionante exemplo da exaltação produzida nos ânimos populares pelo regime napoleônico, de que participavam até artistas geralmente pacíficos, na apoteose pouco antes promovida em Paris pelas remessas de raridades artísticas arrecadadas em países ocupados por tropas invasoras. Conferiram os representantes do governo aspecto de triunfo romano ao evento quando, a 9 Thermidor do ano revolucionário VI chegou em meio a imensa multidão a primeira remessa vinda da Itália. Compunha-se de enorme préstito formado por 29 carroções carregados de esculturas e pinturas, em trânsito desde Marselha por terra e canais, até o Campo de Marte. Após cerimonial copiado do antigo, recolheram os funcionários do Ministério do Interior, em que figurava Lebreton,