de Taunay ao Brasil, por obra de incidente provocado pelo filho Carlos Augusto Maria, ex-oficial do exército, o qual, em cerimônia presidida pelo duque de Angoulême, protestara contra perseguições que padecera, assim como seu pai, por professarem bonapartismo.
Coisa parecida sucedeu a Debret, outro bonapartista exaltado. Dominava-o admiração por quem lhe dispensara farto auxílio quando era desconhecido e vivia com dificuldades. De uma feita, recorreram os artistas de Paris à Convenção e, a seguir, ao primeiro cônsul, a fim de obter auxílio no difícil passo em que se encontravam. A maré vermelha, abastecedora da guilhotina, arruinara clientes, suprimira encomendas e impedia aos cultores das belas-artes ganhar a vida. A não ser alguns raros pontífices como David, intrigante erigido a líder político, perseguidor de adversários e concorrentes, a maioria estava imersa em negra miséria. Ao receber a súplica, lembrou-se o corso do partido que poderia tirar dos ditos em matéria de publicidade. O melhor meio então existente para reproduzir, ampliar e transformar acontecimentos era pela imagem. Imediatamente encomendou de modo sistemático quadros enaltecedores de campanhas militares a fim de impressionar o público, tornados lápis e pincel tão úteis para os seus desígnios como os sabreurs da cavalaria de Lefebvre-Desnouettes.
Os mais conhecidos pintores do momento, a começar por David, foram mobilizados para aquele fim. Produziu Taunay neste período alguns quadros de grandes dimensões alusivos a feitos marciais, atualmente expostos na horrível galeria de batalhas de Versalhes. Mereceu um destes trabalhos, o Hospital Militar, comentários em jornal da época, reproduzidos por seu bisneto historiador: "Quem, admirando o talento do cidadão Taunay, não chora um esposo, pai ou filho?" palavras repassadas de angústia, sem, entretanto, diminuir a idolatria pela sua causa. O apreço do governo ao mestre prosseguiu na escolha que dele fizeram para restaurar a Virgem de Foligno, de Rafael, do acervo italiano, que ao entrar no Louvre verificou-se estar muito deteriorado. Continuou o mesmo favor através das encomendas da imperatriz Josefina, desejosa de painéis alusivos ao esposo nos muros de Malmaison.
Igualmente bem aquinhoado foi Debret na mesma ocasião, em que aplicou o melhor do seu estro em grandes cenas guerreiras até a queda do protetor. Vamos recorrer à informação do livro Missão artística, de autoria de Afonso d'E. Taunay, o qual tratou