Jean-Baptiste Debret

foi encenador da Revolução e do Império, suspeito de influir nas sanções contra concorrentes, motivo de louváveis esforços de N. A. Taunay para resguardar Hubert Robert e Mme Vigée-Lebrun dos rigores do Terror. Na lista de desmandos tornou-se ainda mais odioso pelo atroz mau gosto de desenhar instantâneo da desventurada Maria Antonieta, representada de mãos atadas às costas, na carroça que a leva à guilhotina.

De volta à Cidade Eterna - na época a Meca artística de pintores, escritores e arquitetos - David poderosamente influía sobre o jovem Jean-Baptiste. A viagem assumia desmedida importância principalmente para Debret, por ser excelente ocasião de tomar contato com a renovação do classicismo antigo. Triunfava a moda de ruínas e vestígios romanos, em que rivalizavam Panini e Hubert Robert, o mesmo que por intrigas de concorrentes esteve perto de perder o pescoço, em companhia do vate André Chénier. Respiravam os primos as exumações de paganismo disseminado por Piranesi, Winckelmann e outros, quase tão intenso como o da Renascença na sede do catolicismo magistralmente pintada por Balzac em relato à clef composto de personagens reais do conto Sarrasine.

Em Paris, sob inspiração do primo e do classicismo, frequentou Debret na Academia de Belas-Artes a seção de pintura. Aconselhado e estimulado por David, recebeu em 1791 o segundo prêmio do Salon, dirigido o jovem para pacífica carreira na pintura; viu-se, entretanto, às voltas com a Grande Revolução, de tão fundo alcance em nosso tempo. Arrastou-o o parente e mestre para o campo das reivindicações extremadas, expressas por virulentas diatribes contra abusos antigos, - a despeito de novos ainda piores, - ódios a supostos tiranos e mais exageros inevitáveis no caso, de que David se fizera corifeu, erigido a pontífice da pintura, cúmplice de sangrentos tiranetes da fase conhecida por Terror, por fim encarcerado em Thermidor, salvo do patíbulo pela esposa que abandonara, para logo depois ser dos primeiros a aderir a Napoleão. Embora sem partilhar destas paixões com a mesma intensidade, o moço deixara-se ir na corrente; saído da Academia e nomeado professor de desenho na Politécnica, após curso de alguns meses na École des Ponts et Chaussées, finalmente retorna à pintura para se tornar arauto dos fastos de Napoleão, distinguido pelo guerreiro graças à influência do primo.

Na atividade contribuiu segundo os planos do amo e senhor para a réclame do regime imperial, em que os franceses eram manejados principalmente pela vaidade. Servia admiravelmente ao

Jean-Baptiste Debret - Página 22 - Thumb Visualização
Formato
Texto