Jean-Baptiste Debret

o mesmo arco do mesmo ponto em que se colocou o austríaco.

Nos festejos supervenientes da aclamação de D. João VI, foi ajudado Debret por um francês, Bouch, intitulado arquiteto, o qual teria sido, segundo notícias contemporâneas, seu auxiliar na armação de "transparente" semelhante aos que em Paris solenizavam as vitórias de Napoleão na Itália, tais os famosos da rue de Rivoli. Localizava-se o carioca defronte à casa de Paulo Fernandes Viana - cunhado de Fernando Carneiro Leão, companheiro de viagem dos missionários - no Campo de Santana, próximo ao edifício de madeira conhecido por "varanda", onde se procederia à principal cerimônia. Invocava os três reinos unidos ajoelhados no ato de coroar o busto de D. João, em meio de profusos ornatos, dispostos dos lados. Outro do mesmo gênero foi erigido junto à casa do argentário Sequeira em Mata-Porcos, considerada das principais da cidade, a expensas do mesmo, maneira de agradar a quem lhe dispensava meios de cada vez mais se enriquecer.

Adiante, fronteiro à casa onde habitava o conde da Barca, elevaram os franceses nada menos do que um templo grego, homenagem à sabedoria do protetor da missão. O principal esforço, porém, despendido na altura, consistiu nos enormes arcos triunfais dispostos no percurso do régio cortejo do Paço até o local da aclamação no Campo de Santana. Juntavam-se às encomendas da corte as do Senado da Câmara, a mais antiga instituição política coletiva da colônia, esperançosa de agradar o soberano graças a um templo dedicado a Minerva, perto da varanda onde se procederia à aclamação, alusivo ao sucesso do Regente em salvar a monarquia das garras do corso e assegurar-lhe seguro remanso na América. Do limiar do templo passaria o cortejo ao recinto da aclamação por outro arco triunfal, tudo disposto de maneira a conferir a maior imponência ao desfile do coroamento. No largo do Paço havia ainda um arco do triunfo encomendado pela Junta de Comércio da cidade, composta dos principais comerciantes da praça, pródigos em testemunhar dedicação ao governo e, ao mesmo tempo, no intuito de apor o útil ao agradável, ostentar as suas posses. Quase todos eram comendadores de Cristo, descritos por Debret até em cerimônias mortuárias no álbum Didot. Desse conjunto destacavam-se Brás Carneiro Leão, João Francisco da Silva e Sousa, Eduardo de Faria, Geraldo Belens, Pereira de Faro, etc., muitos deles parentes entre si, os quais também tinham apresentado ao Regente vultosa quantia para fundar universidade no Rio de Janeiro.

Jean-Baptiste Debret - Página 32 - Thumb Visualização
Formato
Texto