que pretendiam encontrar na capital do Reino Unido lusitano meios de improvisar profissões lícitas e ilícitas, a quem logo adiante voltaremos.
Espaireciam pela cidade e redondezas os missionários depois das festas de que, na chegada, tinham participado. Anotavam - enquanto era construído o edifício da Academia de Belas-Artes, onde esperavam poder ensinar e encontrar alojamento - o aspecto das construções, estilos, maneira de elevá-los e recursos decorativos segundo o gosto dos proprietários. Debret foi dos autores que, na época, melhor trataram do assunto e da técnica existente. Diferenciavam-se, por exemplo, os prédios do Rio, das construções de taipa e pilão da capitania de São Paulo, supostamente aperfeiçoadas pelos jesuítas, pois, em maioria, eram os cariocas elevados com pedras extraídas dos morros vizinhos. Falava-se também em óleo das baleias arpoadas na baía guanabarina, misturado na argamassa aglutinadora, ao qual se atribuía a dureza e duração de templos e fortalezas, assim como a carpintaria dispunha de infindável casta de madeiras arrecadada nas matas dos morros para os mais variados fins. Dava-se o mesmo com a marcenaria, revestimento de paredes e acessos monumentais de casas-grandes e igrejas em que se evidenciavam desde o jacarandá-laranja marmoreado de negro, até essências vermelhas como caviúna e alvas como perobinha do campo e pau-marfim, indicadas para embutidos e mais motivos ornamentais.
A vinda da corte impusera modificações nos modos de construir tendentes a melhorar o aspecto da cidade. Proibira-se o uso de rótulas nas janelas, os muxarabis árabes, resquício das relações havidas entre domínios pertencentes ao império luso, assim como o emprego de terra socada nos muros, substituído por tijolos. A mão de obra era composta por alguns mestres portugueses a dirigir pretos escravos e forros, que também davam os serradores e oleiros necessários ao preparo da matéria-prima. Desenvolvera-se o consumo de cal graças ao impulso imprimido às construções a se multiplicar em toda parte sem conseguir atender convenientemente à procura de casas requeridas pela multidão delas necessitada. Continuava-se, entretanto, com o antigo processo de moer ostras e mais crustáceos para obter o principal da argamassa, se bem fossem multiplicadas as caieiras, como descreve Debret no álbum Didot, causa - segundo diziam os viajantes - de se elevarem à roda do estuário inúmeras colunas de fumo vistas até longe.