Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

poucos anos com famílias de índios no Alto Paraguai, e o foram naturalmente em todo o país nos rios em cuja proximidade existia madeira apropriada, e nos portos e costas, onde o mar o permitia.

Já ficou demonstrada a existência delas na baía de Guanabara (pág. 48) ; o seguinte trecho de Gabriel Soares a prova na de Todos-os-Santos, onde aliás a maneira de construí-las era muito diversa da conhecida.

"Pelo sertão do Bahia (30)Nota do Autor se criam umas árvores muito grandes em comprimento, e grossura, a que os chamam ubiragara, das quais fazem umas embarcações para pescarem pelo rio e navegarem, de sessenta a setenta palmos de comprido, que são facilíssimas de fazer, e por que se cortam estas árvores muito depressa por não ter dura mais, que a casca, e o âmago é muito mole, em tanto que dous índios en três dias tiram com suas fouces o miolo todo a estas árvores, e fica a casca só, que lhe serve de canoas tapadas as cabeças, em que se embarcam vinte e trinta pessoas."

Em geral eles nunca as deixam amarradas no porto, quando desembarcam. Carregam-nas nas costas pela terra adentro, ou mergulham-nas nos lugares de remanso, e amarram no fundo, e, quando precisam, mergulham e vão buscá-las.