Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

Os braços são ligados às cavernas por meio de cavilhas de madeira, que são apertadas nas extremidades, de um e outro lado, por meio de uma ou duas palmetas em cada uma, que neste último caso são colocadas em cruz. Já empregam o ferro para as cavilhas.

São governadas com pás, a que os índios chamam Jacumã, e ao timoneiro, como aos remeiros, Jacumahua (braço de leme).

A montaria pode ser considerada, na acepção do termo, uma alimária para a caça, ou para a pesca.

As pescas mais importantes feitas nestas embarcações são as do peixe-boi, e pirarucu, cuja curiosa descrição dá Rodrigues Ferreira nos seguintes termos:

"Por todo o ano se arpoam, porém, mais na vazante dos rios pelos meses de agosto, setembro e outubro, e nas repontas da enchente. Andam por este tempo ao cio, o que é, quanto se matam muitos, principalmente se o arpoador chega a ter a felicidade de prender uma fêmea, para com ela armar a negaça dos machos. Para os arpoarem, saem em uma pequena canoa 2 até 3 Índios, providos de arpões de duas farpas: ao romper e ao pôr-se em dia sereno e sossegado, sem vento que altere o Rio, como também ao sair da lua nas noites de luar, é boa ocasião de navegar na esteira deles pelas beiradas dos rios e dos lagos, evitando todo o rumor que na água possam