aqui manda o Mestre puxar pela corda para baixo desta tesoura, ali manda arredar o fogo, porque é mais do necessário, ali manda acrescentar com mais lenha; acolá manda meter um dente porque ameaça racha, e finalmente assim acodem todos aonde é necessário até o casco já brando como cera se vai abrindo uma tábua, de sorte que lhe põem espeques nos bordos para não se estender de todo; e também para não tornar a fechar, quando for esfriando, lhe seguram da parte de cima espetos de pau, etc.
Já neste tempo lhe andam tirando uns o fogo e tições; outros os carvões e brasas, e outros, borrifando com água o mais carvão e cinza; e outros as tesouras dos bordos; e nesta postura deixam aquele grande taboão aberto como meia casca de noz até esfriar por alguns dias; depois dos quais vai o mestre e oficiais tirar-lhe o lodo e ver a obra; e se está bem obrada, e não rachada, fica mais contente do que um cão com um trambolho; e entra a tomar-1he as medidas por dentro, e segundo elas despede oficiais, que vão buscar nas matas cavernas proporcionadas com gente suficiente para as carregar do mato e conduzir ao estaleiro, o que também leva tempo, e muita gente; porque também hão de ser de pau escolhido de muita dureza e firmeza.
E como ordinariamente nunca o casco sai tão igual que não tenha algum sinal ou de tortura, ou de enchaço, ou de verruga, segundo as verrugas, enchaços e torturas se lavram as cavernas para saírem bem ajustadas e unidas ao casco; e como este é comprido v. g. de 70 ou 90 palmos, já se vê, que há de levar muitas cavernas; e como todas são de pau escolhido, e de muito peso, e por isso necessitam de muito trabalho, e de muita gente; também necessitam, e pedem muito tempo, ou algumas semanas; por que cada caverna é feita de uma árvore,