como eu mesmo por vezes experimentei: pois a sua duração ainda prescindindo dos perigos, e contingências supra, às vezes duram um só ano, e fazem uma só viagem; outras duram dous; e ainda as mais duráveis não duram muitos. Conheci Missionário, a quem apenas durou 2 anos uma famosa canoa, não obstante, que era de Pau Angelim, que é o mais buscado para semelhantes obras; ou porque não reparam nas ocasiões, em que o cortam; porque nem em todo o tempo é tempo de se cortar; ou porque nem todo o Angelim tem a mesma duração.
Todos estes, e talvez muitos outros inconvenientes, tem as canoas do Amazonas, que bem ponderados, mais se pode a sua praxe chamar abuso, do que uso; como dissemos do uso, e abuso da farinha de pau; porque ambas estas praxes abraçaram ao princípio, e foram conservando os primeiros Europeus. Aprenderam dos Índios este modo de canoas, porque viram que estes usavam por embarcações de grandes cascas de paus, do feitio de meia casca de noz, com algum anteparo nas pontas para não lhe entrar a água, e à sua imitação foram fazendo o mesmo dos troncos, não advertindo que os Índios não usavam desta indústria por eleição, mas só por necessidade, porque não tinham, nem usavam instrumentos de ferro, com que pudessem fazer melhor obra; e se alguns usavam de mais sólidas embarcações as abriam, ou escavacavam por dentro com fogo, e não com ferro; Supostos pois todos estes inconvenientes, exporei agora o meu parecer, que me parece será mais aceito por mais acompanhado de conveniências.
A respeito da construção das velas se encontra o seguinte trecho nos manuscritos citados de Rodrigues Ferreira: