Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

conseguido da fortaleza do Morro, entrando pela barra falsa; porém a cidade, abundante em recursos, não tardou em preparar segunda frotilha, que derramando-se por todo o arquipélago, não só infestava os moradores das costas de Saubára, ilhas dos Frades, e suas adjacentes Maré, S. Thomé de Paripe, e outras, mas impedia a condução de víveres para as forças estacionadas no continente: inúteis esforços fizeram os Itaparicanos para apresarem uma dessas barcas, que no dia 16 de novembro atravessara da ilha do Medo para a costa da Margarida, que fica fronteira à foz do rio Paraguassú; o tenente-coronel Antonio Martins da Costa, com outros, ofereceu-se para tal empresa, mas ia sendo fatal semelhante arrojo, porque, perseguido o barco, que o conduzia, pelo vivíssimo fogo daquela canhoneira, muitos o desampararam saltando a nado para a terra, não sendo tomado, em consequência dos bem dirigidos tiros de artilharia, com que o protegeu o capitão Victor José Topazio, comandante do ponto da mencionada foz, até onde foi acossado pela mesma canhoneira.

Conheceu-se por isto a necessidade, já anteriormente lembrada pelo capitão Lima, de haver em Itaparica alguma força marítima, que pudesse proteger as embarcações condutoras de mantimentos para os pontos fortificados, e obstar ao progresso dos insultos impunemente praticados pela esquadrilha do general Madeira, que vagava de contínuo pelo golfo, onde fez algumas presas nas embarcações inermes, que não lhe puderam escapar: aprovou o governo interino esse plano, e armou-se logo um barco, que tomou o nome de Pedro 1.°, com uma peça de rodízio à proa, oferecido para isso por aquele Lima, cujo comando assumiu o tenente João Francisco de Oliveira Bottas, que, para a criação dessa força naval, havia sido enviado da Cachoeira pelo mesmo governo, e saindo no dia 8 de dezembro da sobredita ilha escoltando 18 barcos