Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

proporcional; não encontrei com ela. Todas aquelas barcas, geralmente com fundo raso, chato ou vulgarmente denominado de prato, o que é mais conveniente pelo motivo de conservar-se maior equilíbrio, tanto quando navegam sobre as águas do rio, bem como quando acontece ficarem sobre um banco de areia ; mas sendo construídas mui bojudas, e com a quilha além disso projetada consideravelmente para baixo do fundo da barca, neste caso elas costumam tombar; circunstância esta que põe em perigo as barcas e a carga que levam, como tem acontecido com a barca Princesa do Rio, que se acha construída desta maneira, e que comprei para o meu uso durante a exploração do rio, cujo dono anteriormente perdeu, em consequência de sua inconveniente construção, uma carregação de rapaduras e farinha de mandioca; mandou depois tirar, conforme me disseram, 6 polegadas de grossura do fundo da quilha, e assim remediado algum tanto o inconveniente andou a barca um tanto melhor, porém ainda era necessário muito cuidado na ocasião de passar por pontas d'água, onde a correnteza do rio é geralmente muito forte, que segura às vezes a barca contra os barrancos do rio, ou rochedos, e ao mesmo tempo o impulso das águas que se dirige contra a barca na altura da sua quilha, a faz inclinar para um ou outro lado, de maneira que sempre era necessário aplicar-se bastante força e cuidado para não tombar totalmente. A tais inconvenientes não são sujeitas as barcas com fundo chato ou de prato.

"Ordinariamente as barcas demandam 6 palmos d'água sendo completamente carregadas; porém (como me disseram) algumas há como a barca Nossa Senhora da Conceição da Praia, que cala 7 1/2 palmos.

"As barcas que navegam sobre a parte do rio superior às cachoeiras, têm algumas vezes na popa uma tolda de 10 a 14 palmos de comprimento e de largura correspondente