com sangue, e por fim colunas de sangue e morre. Entretanto esta morte tão demorada e tão martirizada podia ser rápida, à primeira lançada até, como tem acontecido, sendo dada no cangotinho, lugar mortal, que fica entre o bufador e a cabeça.
Outra circunstância muito notável, que se dá nesta pesca, é quando o peixe é acompanhado, isto é, quando o madrijo vem com o caxarréu.
De preferência arpoam o madrijo por poder oferecer-se a ocasião de matarem os dous; pois o macho sempre defende a fêmea. Lança-se sobre o cabo do arpão e trepa-se nele, algumas vezes fazendo-o partir, ou com o peso arrancar o arpão do corpo da baleia, outras sendo vítima de alguma lançada em lugar mortal. Tem acontecido estar já o madrijo muito fraco, e persistindo a caxarréu em não abandoná-lo, os baleeiros entregarem aquele a outra lancha e arpoarem este, ficando-lhes inteiro direito a ambos.
Torna-se mais notável ainda a prova de inteligência e amor nessa raça, dada neste caso, que descrevemos, e mais comovente, no do madrijo com o filho.
O baleato é trazido pela mãe nas costas de um lado, ou na frente impelido por ela. Nessas condições é ele o primeiro que bufa, lançando ao ar uma pequena coluna de água em forma de vapor condensado; em seguida dá o sinal de sua presença o madrijo com uma coluna muito mais forte, e depois o caxarréu, que poucas vezes acompanha a baleia com filho.
É então o momento em que os pescadores sentem o ardor da luta, e a cobiça dos lucros, e investem sobre o pobre animalzinho, e o arpoam procurando lugar, que não seja mortal. Logo que o madrijo reconhece o filho preso e ferido, atira-se pelo mar afora espadanando n'água, bufando, e levantando grande massa d'água nessa carreira vertiginosa e medonha, após o que volta ainda mais ligeiro a encontrar o filho a que acaricia e suspende procurando