Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

Para isso cai n'água o moço d'armas com um cabo de Om,06, e um facão de lâmina estreita, e fura o toucinho através do bufador, enfia o chicote do cabo, que é embotijado, e amarra.

De bordo alam e tesam esse cabo para fazer aproximar a baleia, que sempre é amarrada a barlavento. Segue-se a mesma operação na galha e no queixo inferior, que eles chamam bico, e é mais saliente do que o outro. Depois fixa-se um cabo na borda da lancha, o qual é passado pelo mesmo homem em roda dos queixos para apertar a boca para não entrar água. A esse cabo chamam serraboca. As vinhoneiras dos arpões também servem para ajudar a prender a baleia à lancha.

Esses homens fazem esse trabalho dentro d'água cercados de tubarões, que não lhes causam dano por estarem engodados no sangue e na gordura da baleia.

Baleias há tão pesadas, por assim dizer, que para amarrarem-se-nas ao costado são precisas duas baleeiras; mas sempre é uma, que a leva.

A baleia, como dissemos, é sempre amarrada a barlavento da lancha, e quando o vento não é favorável para seguirem para o Contrato, não podem virar de bordo, arriam a vela e fundeiam. As outras, se as há, então rebocam-na, e manobram para alcançar o porto.

Já se deu o caso de baleeira muito pequena matar uma grande baleia, e para rebocá-la, se verem forçados os tripulantes a colocarem a lancha por cima da baleia por não poder aguentá-la de lado, e passarem cabos por baixo dela como fundas.

"Em Caravelas se acontece por ocasião do reboque um desses grandes cetáceos encalhar no canal, tiram-lhe das costas grandes lascas de toucinho, que depositam na baleeira para torná-lo mais leve, e desencalhá-lo, adiantando ao mesmo tempo o trabalho do Contrato.