Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

Quando estão prontos hasteiam uma bandeira em um pau avante se levam um peixe grande, e a ré se é pequeno, e esse sinal é geralmente conhecido por todos os homens do mar e da redondeza. Assim seguem em direção ao Contrato, onde já são esperados por todo o pessoal.

Aí chegados sai uma canoa com o chicote de um virador, e enfia no furo dado no bufador. Gurnido esse cabo no cabrestante em terra, toda a gente vira, e a baleia vai nuito vagarosamente subindo a praia com esse esforço e pelo d'água à proporção que a maré cresce, ao som de chulas, que cantam.

Na descrição da ilha de Itaparica, por um anônimo itaparicano, assim é descrita a partida para tão arriscada pesca :

Tanto que chega o tempo decretado,

Que este peixe do vento Austro é movido,

Estando à vista de terra já chegado,

Cujos sinais Netuno dá ferido,

Em um porto desta ilha assinalado

E de todo o precioso prevenido,

Estão umas lanchas leves e veleiras,

Que se fazem com os remos mais ligeiras.

Os Nautas são etíopes robustos,

E outros mais do sangue misturado,

Alguns mestiços em a cor adustos,

Cada qual pelo esforço assinalado:

Outro ali vai também, que sem ter sustos

Leva o arpão da corda pendurado,

Também um, que no ofício o Glauco ofusca,

E para isto Brasilio se busca.