Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

Para resistirem à ação destruidora da água do mar, metem-nas em cozimento de entrecasco de aroeira que o reduzem à pasta pela ação do calor. Empregam-nas na pesca, e em seguida esticam-nas, e esfregam a referida pasta de maneira a engaiar, ou cobrir a cocha das linhas, e nesse estado tornam-se elas impermeáveis, com grande resistência, e poder de duração para os seus místeres.

Do que fica dito se nota seguramente a falta do emprego de ferro e de roldanas, e, a não ser o pano, que empregam, que é de algodão; mas não fabricados atualmente pelos pescadores, seria uma embarcação completamente primitiva, e sem aplicação alguma da indústria moderna.

Seu preço varia de 60$000 a 100$000 completamente prontas.

Delas há no Rio Vermelho e em Itapuan.

Os pescadores dos portos de Sant'Ana e Mariquita naquela localidade fazem uma romaria nelas, partindo de um para outro porto, com música no mar, e se encontrando seguem a assistir uma festa muito concorrida, que mandam celebrar em um dos domingos do mês de Fevereiro na capela de Sant'Ana.