Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

Já nesta ocasião estão as canoas dispostas em diversos pontos à beira da rede com as angareiras armadas, onde elas, não tendo obtido a salvação dentro d'água, vão bater, e achar a morte dentro das canoas.

Passado o primeiro ímpeto da fuga, os canoeiros batem com as pás na borda da canoa, ou em chato na água, para espantá-las, e elas mais descoroçoadas e menos avisadas continuam a saltar até que com o ataque, desta ordem astucioso, termina quase o cardume. Uma que outra salta às vezes por cima da angareira, algumas escapam saltando em lugares onde não há canoa, e ainda outras mais tímidas, ou sagazes, aprofundam-se, e não saltam, nem investem para rede, o que resultaria emalharem-se.

Assim o grande salto, ou a excessiva timidez, as salva.

Algumas, ao primeiro ímpeto na carreira, que dão para fugir, não reconhecem a rede, e ficam presas nas malhas, principalmente onde as redes se ajuntam.

Essa pesca assim descrita é feita de dia, e em ocasião de calma e águas paradas.