Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

A vela por si se desfralda, desfazendo o cote o timoneiro puxando pela escota.

Thévet, um dos companheiros da expedição de Villegagnon em 1555, conta que os índios da baía do Rio de Janeiro usavam pequenas embarcações, ou almadias feitas de casca de árvores, sem prego nem cavilhas, de 5 a 6 braças de comprimento e 3 pés de largura, das quais ajuntavam 100 a 120 para a guerra e saque, metendo de 40 a 50 em cada uma, homens e mulheres, servindo estas para esgotarem a água, que entrava.

No dia em que tiravam a casca da árvore, o que faziam da raiz até o tope, não comiam, nem bebiam com medo de acontecer alguma infelicidade no mar, o qual quando se tornava crespo, eles atiravam uma pena de perdiz, ou outra cousa para apaziguar-lhes as ondas.

Conta também uma grande mortandade feita por estes índios na tripulação de um pequeno navio português, que eles tomaram nessas almadias. (17)Nota do Autor