Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

"Para a conservação dos objetos, mercadorias e mantimentos, que costumam conduzir nas canoas, levantam no interior de suas bordas, arcos de varas de pau armados transversalmente sobre o comprimento da canoa, unindo-se estes paus horizontalmente com ripas ou varas, cobrindo tal engradamento, feito em forma de abóbada, com couros crus, capim, palha de coqueiro Indaiá ou da Carnaúba, sendo esta última em todos os casos preferível. Cada canoa está provida além disso de duas varas para poder dirigir o movimento da canoa, quando as circunstâncias o exigem."

"Imediato abaixo do porto da cidade do Penedo se constroem canoas grandes, barcos, lanchas e sumacas, de sofríveis dimensões, porém as madeiras são buscadas fora da comarca. A navegação é feita no rio por grandes canoas de 60 a 70 palmos de comprimento, e 8 a 10 palmos de largura, e de 4 a 5 palmos de altura, que para carga, sendo ela muita, são unidas, ou ajoujadas, duas ou mais. Uma cousa notável é o cômodo para os viajantes. A chamada tolda na proa faz com que a lancha, ou canoa grande ofereça a forma de uma chinela ou tamanco. As velas são de grandes dimensões, duas para cada uma destas canoas, com as quais só viajam com vento à popa rio acima.

"As virações ou ventos só caem de 9 para 10 horas da manhã, e sopram cada vez mais crescida violência até às 11 e 12 horas da noite impulsando as embarcações com rapidez como se fossem movidas por vapor, cortando a sua proa com grande ruído as águas contra a correnteza mais forte do rio em espumantes ondas jogadas a cada