Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

que acompanhou Suas Majestades Imperiais às províncias do Norte em 1859. (24)Nota do Autor

"Usa-se acima da Cachoeira das mesmas canoas que em baixo, porém com uma diferença, aquelas têm a coberta para os passageiros na popa, enquanto estas a trazem na proa. A razão desta mudança não me souberam dar, nem a percebi. Esta coberta é feita de palhas e com arte, e dá um cômodo regular, resguardando do sol ardente do sertão.

"As canoas são seguras, e algumas há que carregam 16 caixas de açúcar, como a em que naveguei, que se chamava Trapiche, e tinha um sofá atravessado de bombordo à estibordo: para subir o rio navegam quase sempre a popa, aproveitando a viração fresca que reina desde às 8 horas da manhã, e que a tarde aumenta de intensidade, à qual apresentam duas velas latinas que trabalham em um mesmo mastro, inteligentemente aparelhado, abrindo uma por cada lado ; estas velas são caçadas em uma retranca, que tem uma carregadeira na base para a prolongar com o mastro, quando é preciso.

"Nada mais poético do que vê-las com suas duas brancas velas orientadas fendendo as águas do rio; encontram-se seis e mais juntas, semelhando um bando de cisnes com as asas abertas a vagar por sobre as límpidas e quietas águas de um lago, o que reúne um novo encanto aos encantos, que temos rapidamente esboçado.

"Rio abaixo descem morosamente, à mercê da corrente, que as conduz sempre pelo meio do canal. Para