Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

facilitar esta descida amarram os remeiros na proa um raminho de ingazeira, e deitam-se a dormir, sucedendo por isso algumas vezes passarem adiante do ponto para onde se dirigiam.

"São tripuladas geralmente por um piloto e dous remeiros, salvo se se contrata maior número de pessoas, para mais celeridade.

"Quando sobem, se o piloto quer inclinar a proa para a margem esquerda diz — para o lado do sul — se quer fazê-lo para a direita — para o lado do norte, ou também no primeiro caso — para o lado da Bahia — e no segundo para o lado de Pernambuco — o que todavia é mais usado na navegação superior à Cachoeira. — Enganar um pouco para o sul ou para o norte significa guinar para um ou outro rumo, isto é, inclinar.

"Estas locuções são expressivas e denotam inteligência. E realmente observei que os habitantes do Rio de S. Francisco, em geral, são vivos e atilados, ainda que um pouco indolentes, para o que por certo muito concorre a facilidade com que podem satisfazer às principais exigências da vida, e o calor fatigante, que se sente no sertão, durante parte do ano enquanto as chuvas não o fertilizam, o que ocorre regularmente de Setembro a Março".

As pequenas embarcações das províncias do Pará e Amazonas têm nomes muitos variados tirados de termos da língua geral dos indígenas, e de canoas propriamente denominam-se as grandes já próprias para carga, como adiante se verá.

Ubás é o nome genérico das embarcações feitas e usadas pelos índios, que habitam as margens do Amazonas, e de seus afluentes.