Tapirapé - tribo tupi no Brasil Central

"barreiras", barrancos nos quais o campo aberto não está separado do rio por faixa coberta de árvores; assim, por exemplo, no Tapirapé a Barreira de São João, situada entre Porto Velho e Porto São Domingos, e no Araguaia, umas 20 léguas acima de Conceição, a Barreira de Santana, ou, cerca de uma légua acima da desembocadura do Cristalino, a Barreira dos Xavantes. No tempo seco, também o Tapirapé tem suas lindas praias, se bem que nunca tão extensas como as do Araguaia, as quais se perdem de vista. Nos dois rios há abundância de certas árvores, como por exemplo, o pau d'arco de flores amarelas, a canjirana e a gameleira. Em ambos há grande frequência de certos animais que, além dos já mencionados, são, por exemplo, a cigana, vários galináceos como o mutum, o jaó, o inambu e o jacu, diferentes pernaltas como o baguari, o jabiru, a garça, o socó e o colheireiro e muitos psitacídeos como o periquito, a arara e o papagaio.

Quanto mais estreito se torna o rio, mais densa se torna a fauna. Assim, os animais, concentrando-se na época em que as águas escasseiam, aparecem em maior aglomeração no Tapirapé do que no Araguaia onde, então, só nos furos e outros lugares menos largos seu número aumenta proporcionalmente.

Esta observação nos leva a indicar os limites da comparabilidade do Tapirapé com o Araguaia. Além disso, o primeiro se distingue do último pela frequência das pequenas barrancas com caminhos de anta, tapira-pé em tupi, pelo número proporcionalmente muito maior de lagos e pela água verde e mais fresca.

O Tapirapé atravessa a hinterlândia do Araguaia em larga curva pelo sudoeste. Seus barrancos que, no tempo seco, têm oito metros e mais de altura, estão, na maior parte, localizados na margem esquerda, ao passo que seus principais afluentes entram pelo lado direito, isto é, correm obedecendo à inclinação geral da planície do Araguaia para o norte.

Durante a nossa subida em junho de 1935, a largura do Tapirapé, nas primeiras 14 léguas da desembocadura, rio acima, variava de cem a 150 metros, alcançando em Porto Velho, isto é, quase na metade de nosso caminho, uns 350 metros. Diminuía, então, cada vez mais, a saber, variava nas seguintes oito léguas acima, ao começo de 50 a 30 metros, mais tarde de 30 a 25 e, depois, de 40 a 15 metros. Só nas últimas dez léguas antes de chegarmos a Porto Salvação aumentava de novo frequentemente, até cem metros.

A profundidade era, termo médio, entre seis e sete metros, havendo desde a desembocadura até o Porto São Domingos marcas que nos levaram a concluir que o Tapirapé, neste ano de 1935, tinha estado cerca de quatro metros mais alto. De fato, o rio que, na parte em questão costuma baixar, em outubro, até a profundidade média de dois a três metros, sobe, desde então até março, cerca de oito metros, alcançando, por conseguinte, a profundidade média de dez a 11 metros. Nesta época das águas mais altas, o rio inunda a maior parte das suas margens, estendendo suas águas por muitas léguas, pois em antigas aldeias dos índios tapirapé, numa distância de várias dezenas de quilômetros do rio, acham-se numerosos

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