é somente o Araguaia até a confluência com o Tocantins, sem inclusão deste último: "Sabe-se que o Araguaia é melhor que o Tocantins, porque tem só quatro abatimentos no álveo, isto é, quatro cachoeiras, e que destas apenas a que está junto à Ilha Tanaxiue é semelhante ao Furo da Itaoca por ser toda de pedra na largura inteira do rio..." - Fica patente, por fim, estar a referida "19ª ilha" ao norte da Ilha do Bananal (também chamada de Santa Ana), quando lemos em Monteiro Baena (91): "Entre a boca do Araguaia e a Ilha de Santa Ana aparecem 19 ilhas..."
Em oposição à informação dada por este autor está, porém, o mapa do século XVIII publicado no presente capítulo, mostrando as aldeias dos tapirapé como situadas mais ao sul que a ponta norte da Ilha do Bananal, isto é, no hinterland setentrional de um rio sem nome que serpenteia para leste, ao longo do nono grau de latitude, até desembocar no Braço Maior do Araguaia. Aliás, a enumeração de tribos dada por Monteiro Baena baseia-se, provavelmente, na seguinte lista que acompanha o diário da viagem feita em 1792/3 por Villa Real (431-432): "Carajá, pinaré, jacundá, tacuaiúna, aruaque, uacuruaá, araueré, carauadu, carauau, carajaí, tapirasse, iparanim, turiuara". Mas o único dado geográfico ligado a esta lista está no seu título segundo o qual ela se refere a habitantes do Araguaia. Não menciona os limites aludidos por Monteiro Baena.
É verdade que, ainda aos meados do século passado, a hidrografia dessa região era objeto de confusão, pois o Dicionário Geográfico de Milliet de Saint-Adolphe, publicado em 1845, diz (II 688): "Tapirapé ou tapiraque. Tribo de índios da província de Mato Grosso, que vivem nas margens do rio do mesmo nome, tributário do Araguaia, com o qual se incorpora abaixo da Ilha do Bananal".
No capítulo sobre a "Província de Mato Grosso" de sua Corografia Brasílica, edição de 1833 (I 258-260), escreve Aires de Casal: "Tapiraque. Esta comarca, da qual se derivou o nome de uma das nações, que a ocupam, tem ao norte a Xingutânia; ao poente o rio Xingu, que a separa da dos Arinos; ao sul a Bororônia; e ao oriente o rio Araguaia, que a divide da Nova Beira... À exceção da raia oriental, ao longo do Araguaia, o resto do país é incógnito, por falta das relações dos que nele entraram em outro tempo. Entre outras nações, que o dominam, nomeiam-se os guapindaias, os tapiraques ou tapirapés, que lhe deram o nome, os ximbiuás, os aracis ou araés... Um pouco ao norte da reunião dos dois braços do Araguaia, que formam a grande Ilha de Santa Ana, está a embocadura do rio da Ponta, que dizem ser considerável: e pouco mais abaixo a do rio dos Tapiraques, assim chamado por se formar no território dos índios do seu nome".
Maior, provavelmente devido a essa "falta das relações" aludida por Casal, era a confusão provocada pela seguinte informação escrita por Silva e Sousa (496) em 1812, isto é, cinco anos antes de aparecer a primeira edição da Corografia Brasílica: "Tapirapés. Nação situada junto ao rio Grande, antes de ter o nome de Araguaia; são pacíficos; plantam, fiam e tecem. Consta que vieram para este lugar dos sertões do Rio de Janeiro. No governo do sr. Tristão da Cunha vieram alguns desta