nação de paz; afirmam serem suas terras abundantes de ouro; prometeram voltar trazendo taquaras cheias do mesma, mas não voltaram".
Esta informação é repetida não somente em outros trabalhos do século XIX, como também em estudos recentes. Milliet de Saint-Adolphe (I. c.) acrescenta ao verbete sobre os tapirapé: "Pretendem alguns autores que esta nação, que deu nome ao país onde vive, não é originária dele, e que vieram das matas da província do Rio de Janeiro".
Kissenberth (2 38) deduz: "Por conseguinte, os tapirapé devem ser considerados como um resto desvinculado das hordas tupi afugentadas, em direção do norte para o interior da província do Rio de Janeiro, pelos conquistadores e, antes de tudo, provavelmente pelo português Mem de Sá e suas tropas. Lutando com diversas tribos inimigas, eles foram pouco a pouco até o alto Araguaia".
O mesmo autor (ibidem, nota 6) acrescenta: "O mapa de Matth. Seutter do ano de 1745 (Retens elaborata Mappa Geographica regni Brasiliae etc. per Matth. Seutterum, Augustae Vindel) indica Tupin Imbas numa região da margem esquerda do rio Paraná que atualmente corresponde mais ou menos à zona de Sta. Rita do Paranaíba no estado de Minas Gerais. O alto Araguaia dista de lá somente coisa de 50 a 60 léguas (cerca de 330-400 km)".
Métraux (1 25-26), considerando o pequeno vocabulário obtido por Kissenberth (2 50-64) duma tapirapé cativa dos carajá, como "une donnée de grande valeur" para a solução do problema da origem dos tapirapé, escreve: "Les mots tapirapé comparés aux formes revêtues par les mêmes mots dans les lexiques tupi-guarani d'époques et de régions différentes ont une tendance marquée à se rapprocher de l'ancien Guarani. Ce qui donne un certain poids à l'affirmation de Silva e Souza pour qui il est évident que les Tapirapé sont venus du sertão de Rio. Cette migration n'est pas invraisemblable; nous savons en effet par Vasconcellos que, lors de la conquête de Rio en 1567, des Tamoyo s'en allèrent 'dans le plus profund des forêts'. À cette hypothèse s'oppose un fait constaté par Nordenskiöld, le nom tapirapé pour la poule est 'urenjapukáya' où nous retrouvons le vieux mot guarani pour ce volatil. Par contre le mot qu'ils emploient pour désigner la banane est emprunté aux Karajá. Or en 1557, les Tupinambá de Rio avaient déjà reçu des bananes, comme nous l'apprend Léry et ils l'appelaient 'Pacoaire' comme la plupart des Tupi-Guaraní, ce qui exclurait la possibilité d'identifier les Tapirapé aux Tamoyo. Quoi qu'il en soit, les Tapirapé semblent être les descendants des Tupi-Guarani transfuges venus du Sud".
A respeito do argumento linguístico convém citar a seguinte frase do grande conhecedor de idiomas tupi, Curt Nimuendajú (carta de 26 de abril de 1936): "Já a língua dos tapirapé que difere consideravelmente do dialeto da região do Rio, mostra que eles não podem ter vindo de lá, como afirma Silva e Sousa".
Quanto à denominação tapirapé para galinha (que escrevo: vuyranchampokáinia) é interessante notar o parentesco com ouira sapoukay, termo correspondente do tupinambá do Maranhão (Abbeville