fol. 242), e a diferença de arignan-miri que quer dizer galinha no tupinambá do Rio de Janeiro (Léry 148, Thevet, cf. Ayrosa 4, nota 282).
Com referência à denominação da banana posso dizer que os tapirapé designam, genericamente, as bananas cultivadas com o termo chatá ou tatá, que se parece com a palavra carajá indicativa das mesmas frutas; mas chamam a "banana brava" de paankuá. Aliás, acerca da designação da banana como argumento no estudo da origem dos tapirapé me escreveu Nimuendajú (carta de 22 de novembro de 1937): "O problema não pode ser resolvido por meio da palavra pakova e semelhantes para banana, pois, provavelmente, entre todos os tupi, como entre os seus tapirapé, ela é originariamente o nome dado à 'banana brava' (Heliconia sp.), do qual derivou então o nome da verdadeira banana, processo esse que, naturalmente, podia realizar-se entre diferentes tribos ao mesmo tempo, não dependendo a tal respeito uma tribo da outra. Mas se um povo que não fala tupi, chama a banana de pakova e a Heliconia com outra palavra, é provável ele ter recebido aquela junto com o nome direta ou indiretamente de gente que falava tupi ou Língua Geral. Também na Língua Geral do norte e, por conseguinte, ainda hoje em toda a Amazônia chamam a Heliconia de (pacuá)-sororoca".
Interessante em relação a tudo isso é o mapa de Loukotka (397) publicado em 1929, portanto 13 anos depois do trabalho de Kissenberth e dois depois do de Métraux. Mostra as migrações dos tupi segundo suposições linguísticas baseadas na comparação de vocábulos dos diversos idiomas tupi. O autor coloca o centro de irradiação na região das cabeceiras do Tapajós, deixando os kamayurá e auetö ir em linha de lá para o seu território atual, ao passo que os tapirapé têm de fazer uma volta enorme pelo sudeste, subir, então, sob o nome de tupinambá, o litoral até Maranhão, aproximar-se da foz do Tocantins e dirigir-se de lá novamente ao sul, até chegarem às terras que ocupam hoje.
A questão é agora: descobrir os fatos que levaram o padre Silva e Sousa a afirmar que os tapirapé vieram dos sertões do Rio de Janeiro. Para isso é preciso estudar a primeira notícia sobre um contato direto entre os tapirapé sob o seu nome atual e os brancos. Na sua citada informação diz Silva e Sousa (496): "No governo do sr. Tristão da Cunha vieram alguns desta nação de paz". Segundo o mesmo autor (ib. 462-464), esse governo durou de 1783 a 1800. Referindo-se, porém, a outro governador de Goiás, isto é, a Luís de Mascarenhas, que governou de 1739 a 1748 (ib. 445 e 448, cf. Alencastre 74), escreve Silva e Sousa (447-448): "No seu tempo, a rogo da Câmara, veio de Cuiabá, acompanhado de 500 bororós, o coronel Antônio Pires de Campos, a desinfestar do caiapó este terreno, pelo ajuste de uma arroba de ouro, que foi tirada do povo a meia pataca por cabeça de cada escravo, e rendeu a primeira e segunda matrícula desta contribuição voluntária, como consta do Liv 1° do registro da Câmara à fl. 74, 4,357 oitavas e 54 grãos de ouro, de que as sobras se aplicaram para a obra da matriz. Consta que fez barbaridades espantosas e grande mortandade, chegando até à aldeia grande do caiapó, que dizem fica na vizinhança de Camapuã em que não se animou a entrar por serem inumeráveis os seus habitantes; mas