Além dos movimentos de expressão que funcionam em relação ao cão - a cuspida, o pontapé e o resmungo - os tapirapé se manifestam por gestos e interjeições em numerosas oportunidades. Com o mesmo resmungo aborrecido que usam para o cachorro ladrão, tentam afugentar o urutau quando o canto melancólico desta ave noturna se acerca. Ao enxergarem, sentados, uma grande ave ou qualquer coisa interessante, levantam-se de golpe, estendem para ela o dedo indicador e exclamam com admiração: ekué ou cha (Montoya 2 II 118v: Chaã). Ambas estas palavras são traduzíveis talvez por "veja só!". Em conversa, cha é intercalação de cortesia.
Para mostrar onde está alguma coisa, estendem não só, como nós, o dedo indicador, mas às vezes, também, a mão inteira ou o braço e, frequentemente, os lábios. Avançam estes em direção do lugar que querem mostrar. Entre os carajá observei também todos esses gestos indicativos. No sudoeste norte-americano vi, em 1949, que os zuñi e navaho avançam os lábios e o queixo para esse fim.
Achando graça em alguma coisa, os tapirapé escondem a boca com a mão. Experimentando algum alimento desconhecido, por exemplo, cacau, fazem ruído avançando os lábios. Como gestos de negação, meneiam a cabeça ou lançam-na para trás, dizendo o homem: nanchepé ou nynchepé, a mulher: nanchepékeé, e ambos: yní (Stradelli 473: Intí; Montoya 2 I 384: Nda(y)tepe: No (con verbos); II 156: Hynyé: No quiero). Como afirmação, abaixam a cabeça meneiando-a e tanto homem como mulher dizem eé (Montoya 2 I 468: Tá diz o homem, Heé diz a mulher).
A conversa excitada é acompanhada de inúmeras interjeições guturais-nasais, das quais hung é a mais frequente. Quando alguma coisa, por exemplo, o cachimbo, ameaça cair, dizem uí. Ao sentirem dor, exclamam aky ou aká. Esta última interjeição ouvi também entre os carajá que, aliás, a aumentam para akakaka quando a dor é forte e contínua. Ao ser acariciado com a mão, o tapirapé faz ii em som gutural-nasal, meio gemendo e meigamente. Diz aunché para declarar: "Basta!" ou "Acabou!".
Os tapirapé não sabiam assobiar com os lábios e quando lhes mostrei a técnica, os rapazes que tentaram imitar-me mostraram pouco jeito para isso. Convém lembrar que os borôro chegaram à perfeição na técnica desenvolvendo até uma "língua assobiada" (Albisetti e Venturelli 824; Colbacchini e Albisetti 145). Por outro lado, os tapirapé procuram imitar qualquer ruído que é desconhecido ou, incomum para eles, por exemplo, o produzido ao se fechar um cadeado.
Ao estudarmos o visitante no que diz respeito à expressão de emoções na cultura tapirapé, impõem-se considerar, especialmente, o medo. Este, apesar de seus aspectos fisiológicos, não deixa de assumir caracteres que tradicionalmente variam de povo para povo, isto é, caracteres culturais. Existem diferenças tanto na expressão emocional do medo como também nas situações que podem provocá-lo.
Em certas culturas não fica bem demonstrar o medo; em outras, nada impede de exibi-lo. Há povos e épocas culturais que se comprazem em ver as