A notícia do achado provoca sensação. Todos em Taubaté se alvoroçam. Bandeiras, armadas sofregamente, lançam-se, sob a vertigem do entusiasmo coletivo, aos campos dos Cataguases, ao Eldorado famoso. Arzão, ante o êxito dos glânulos trazidos por Duarte Lopes, mal chega a Taubaté, depois de ter tentado curar-se em Espírito Santo, chama o concunhado Bartolomeu Bueno e dá-lhe o roteiro da mina. O bravo Anhanguera abala. Vai a Itaverava e, como descobrisse ouro em Pitangui, por lá se fica. É Antonio Dias de Oliveira quem, num lance afortunado, se embrenha pelo sertão, ávido e firme, e encontra a gigantesca serrania. Ao vê-la, estranho pressentimento acelera-lhe a pulsação. Os olhos brilham. Encara-a maravilhado. Será a Itacolomi falada por Duarte Lopes? Mas - teria pensado - onde o Tripuí, o ribeirão coleante? Avança um pouco mais: as águas passam, turvas, ligeiras, entre as serras imensas. Abeira-se e encontra, extasiado, estilhaços escuros. Trinca-os nos dentes. Fita-os de novo. E a exclamação reboa pelos ermos sem-fim das Gerais:
- Ouro! Ouro Preto!
Sim, era ouro, ouro velho, ouro preto, o chamado ouro excelentíssimo. Agora, não mais as falas problemáticas, o êxito hipotético, mas a rútila realidade da fortuna.
Surgira ali, naquele instante, a futura Vila Rica de Ouro Preto.
Estávamos no ano do Senhor de 1698.
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Era a compensação. A recompensa, larga e régia recompensa aos que ali, no momento, como os que se achavam nos veios próximos do Ribeirão do Carmo e de